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Pressionado, Pazuello anuncia compra de vacinas da Pfizer e da Johnson

Em meio ao desgaste sobre troca de comando no Ministério da Saúde, ministro apresentou cronograma com cuja entrega substancial só ocorrerá no segundo semestre
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

BRASÍLIA — Pressionado no cargo, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou nesta segunda-feira a contratação de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer e 38 milhões do imunizante da Johnson, entre outras. Pazuello afirmou que o ministério contará com 562 milhões de doses de vacinas em 2021.

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— Essas vacinas e laboratórios já estão contratados. Sim, eu estou informando à população que nós já concluímos a contratação da União Química da Sputnik, da Pfizer e da Janssen (Johnson). Todas essas contratações foram finalizadas a partir da lei que foi sancionada, se não me engano, quarta-feira da semana passada. Só para que os senhores compreendam a velocidade administrativa desse trabalho — afirmou o ministro. —  A partir da lei, sancionada na quarta-feira, hoje, segunda-feira, estou informando que já fizemos essas contratações completas, com tudo que foi solicitado em termos de cláusulas.

A lei mencionada por Pazuello foi aprovada pelo Congresso, estabelecendo que o governo pode assumir responsabilidades relacionadas a efeitos adversos, por exemplo, isentando as empresas.

O anúncio da contratação de imunizantes ocorre em meio a especulações sobre a saída de Pazuello do ministério. O titular da pasta estaria desgastado devido ao aumento no número de casos e mortes e a lentidão da campanha de imunização.

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Nos últimos dias, o ministro também apresentou cronogramas divergentes sobre a disponibilização de doses para vacinação, provocando irritação no Congresso . O ministro se defendeu esta segunda-feira:

—O cronograma é para ser alterado quando a farmacêutica não entrega, quando a linha de produção para , quando acontece qualquer dificuldade na legalização das doses. E quanto mais tivermos no começo do processo, mais alterações podem acontecer.

Segundo cronograma apresentado nesta segunda-feira, 75% da vacina contratada da Pfizer só chegará em agosto e setembro. A entrega está escalonada da seguinte forma: 1 milhão de doses em abril, 2,5 milhões em maio, 10 milhões em junho, 10 milhões em julho, 30 milhões em agosto e 45,5 milhões em setembro.

No caso da vacina da Johson/Janssen, são 16,9 milhões de doses em agosto e 21,1 milhões em novembro. A única vacina que ainda aparece no cronograma "em tratativa" é a da Moderna, com previsão de 13 milhões de doses. Segundo Pazuello, o imunizante será adquirido quando as negociações chegarem "a um preço que possamos pagar".

Pazuello afirmou ainda que a produção nacional do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), matéria-prima da vacina de Oxford, que o governo federal apoia, começará em abril e se consolidará em maio, o que dará autonomia para o país. A previsão é produzir 22 milhões de doses por mês, de agosto a dezembro.

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Segundo o ministro, em janeiro e fevereiro já foram recebidas e distribuídas cerca de 17 milhões de doses. Somando aos montantes de março, o valor chega a 20,1 milhões de doses.

Ele afirmou que a vinda do IFA da China para fazer a vacina da Oxford, nas dependências da Fiocruz, sofreu atraso sem que o governo brasileiro tenha conseguido saber o motivo.

— É por isso que perdemos um pouco o início (da agilidade esperada da vacinação no mês de) de fevereiro com a Fiocruz — afirmou.

Pazuello pediu "cuidado com decisões paralelas" e esclareceu que um protocolo sobre compras de vacinas por estados e municípios está sendo elaborado.

— Sim, eles (estados e municípios) podem comprar a vacina. E o produto da compra desses estados e municípios devem vir para o PNI (Programa Nacional de Imunização) para ser distribuído para todo o Brasil. Não haverá estados vacinando e outros não.O ministro disse que o modelo já está pactuado para ser usado com 37 milhões de doses articuladas pelo fórum de governadores do Nordeste:

— O contrato é assinado e é trazido ao Ministério para que, fechando um segundo contrato com o consórcio, receba essas doses, financie essas doses e distribua pelo PIN. Esse protocolo está sendo criado.

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Pazuello acrescentou que o Sistema Único de Saúde será posto à prova neste ano. Em outra ocasião, há cerca de duas semanas, Pazuello havia garantido que o SUS não entraria em colapso.

— O SUS não colapsou em 2020 e será colocado à prova em 2021. Para vencermos a batalha nesse novo ciclo, precisamos estar unidos e focados no mesmo propósito, o de salvar cada vez mais vidas — disse Pazuello.

No domingo, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com a médica Ludhmila Hajjar, cotada para assumir o ministério, mas ela declinou do convite. Pazuello participou da reunião, que durou cerca de quatro horas. Nesta segunda-feira, em entrevista à CNN, Ludhmila afirmou que não aceitou o cargo por não ter encontrado "convergência" com Bolsonaro.