Política

E Agora, Brasil?: Pacheco diz que erros durante a pandemia 'terão de ser investigados' futuramente, 'inclusive por meio de CPI'

Em seminário on-line organizado por O GLOBO e 'Valor Econômico', presidente do Senado diz que momento atual é de 'buscar soluções'. Arthur Lira diz que escolha do ministro da Saúde 'cabe ao presidente' da República
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, participa do seminário on-line "E agora, Brasil", realizado pelos jornais O GLOBO e "Valor Econômico" Foto: Reprodução
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, participa do seminário on-line "E agora, Brasil", realizado pelos jornais O GLOBO e "Valor Econômico" Foto: Reprodução

RIO — No seminário on-line "E agora, Brasil", realizado pelos jornais O GLOBO e "Valor Econômico" nesta segunda-feira, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmaram que o Congresso Nacional está comprometido no momento em buscar soluções, em vez de fazer um "apontamento insistente de culpados" pelos problemas do Brasil no combate à Covid-19. Pacheco, no entanto, declarou que erros ocorridos na gestão da pandemia "terão de ser investigados futuramente", sem descartar uma eventual instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) — os pedidos apresentados no Senado, por ora, não foram apreciados.

O seminário, com mediação dos jornalistas Míriam Leitão, colunista do GLOBO, e Cristiano Romero, diretor adjunto de redação e colunista do "Valor Econômico", tem patrocínio do Sistema Comércio, através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas Federações, e está sendo transmitido pelos perfis no Facebook, LinkedIN e Youtube de ambos os jornais.

— Tudo isso que está acontecendo em todos os estados, em alguns com maior gravidade, será apurado. Haverá julgamentos jurídicos, políticos e morais. Mas, nesse instante, com média de duas mil mortes diárias e uma escala de vacinação que não chegou ao ideal, podemos nos permitir esse apontamento insistente de culpados sobre o que aconteceu, ou é melhor buscar soluções para os problemas? Porque os erros ainda não terminaram. Certamente haverá outros que terão de ser investigados, inclusive através de CPI — disse Pacheco.

Para o presidente do Senado, no entanto, já é possível identificar após um ano de pandemia que houve erros na gestão de diferentes instâncias de governo.

— Não me parece que seja racional um lockdown absoluto no país neste exato momento. Assim como não se pode negar a necessidade de tomadas de medidas caso a caso. É evidente que temos a constatação de que houve erros. Depois de um ano, não era para estarmos em um momento de carência de leitos de UTI. Era preciso ter previsibilidade de que uma nova onda poderia sugerir, de que uma mutação poderia acontecer. Tínhamos que ter acelerado o processo de vacinação. Toda a solução do problema está irremediavelmente no aumento da escala de vacinação, este tem que ser o foco absoluto do Congresso — declarou Pacheco.

O presidente do Senado evitou tecer críticas ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e afirmou que é preciso acompanharas as ações da pasta ao longo deste mês para saber se o cronograma de vacinações será cumprido e, a partir daí, fazer as cobranças necessárias.

Lira, que chegou a defender neste domingo em uma rede social os atributos da médica Ludhmila Hajjar, cotada para substituir Pazuello, disse que a escolha do ministro da Saúde é "atribuição do presidente" da República. Para o presidente da Câmara, é preciso chegar a um perfil no cargo de diálogo, respeito à ciência e "caminhos abertos com os Poderes", seja com ou sem Pazuello. O nome de Ludhmila foi descartado nesta segunda-feira após desavenças envolvendo aliados de Bolsonaro.

— Quando consultado sobre a possibilidade da doutora Ludhmila, coloquei o que penso dela: uma pessoa eficaz, humana, sensível, que reúne todos os preceitos. Mas a indicação de qualquer ministro é prerrogativa do presidente, apenas falei sobre um perfil que acho necessário. Poderá vir a procura por outros nomes ou até manter o ministro Pazuello, sob outra ótica — disse Lira. -- Sempre coloquei de forma clara que os extremos não contribuem. Independentemente de escolhas pessoais, políticas, de aptidão, o Brasil encontrará o melhor caminho. Meu papel, como presidente da Câmara, é ajudar no sentido de diminuir as diferenças.