Viagem a Salvador, perseguição na Barra e tiros no tórax: tudo o que se sabe sobre ação que deixou PM baleado

Cercado pela polícia, o PM foi baleado por colegas do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope)

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  • Fernanda Santana

Publicado em 28 de março de 2021 às 21:03

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

Durante quase quatro horas, o policial militar Weslei Soares bloqueou a frente do Farol da Barra, em Salvador, e efetuou dezenas de disparos de fuzil para cima, até o início da noite deste domingo (28). Cercado pela polícia, o PM foi baleado por colegas. Ele foi encaminhado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde passou por uma cirurgia. O estado de saúde dele não foi divulgado. 

O policial foi atingido em pelo menos três regiões do corpo, incluído tórax e abdômen. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP), às 18h35, o soldado afirmou que “havia chegado o momento, fez uma contagem regressiva e iniciou disparos contra as equipes do Bope”. Os policiais, então, dispararam dez vezes contra Weslei. “No momento que caiu ao chão ele iniciou uma série de disparos contra os policiais, que novamente tiveram a necessidade de realizar disparos, e, quando ele cessou a agressão, os policiais chegaram perto para utilizar o resgate”, declarou Capitão Luiz Henrique, o negociador.

O comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), major Clédson Conceição, afirmou que os policiais buscaram utilizar técnicas de negociação e impedir um confronto, mas que Weslei “atacou as equipes”. “Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área residencial, expondo também os moradores", justificou. Conceição disse que tentaram fazer com que Weslei se estregasse, mas que “essa negociação alternava em picos de lucidez com loucura. Ele não falava coisas com sentido, estava bastante transtornado”.

Repórteres e cinegrafistas que estavam no local foram ameaçados por policiais, após Weslei ser baleado. Eles disparam para cima, para dispersar a imprensa - o momento foi capturado num vídeo. A PM não se manifestou a respeito até o fechamento da reportagem. Moradores do bairro acompanharam a ação e divulgaram vídeos da chegada do PM Weslei até ele ser baleado e socorrido pelo SAMU até o HGE.

O soldado Weslei é integrante da 72º Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), de Itacaré, no sul da Bahia, e chegou à capital baiana na manhã deste domingo. Os primeiros disparos de fuzil de Weslei aconteceram na Avenida Centenário, próximo ao 5º Centro de Saúde Clementino Fraga, relataram testemunhas.

A perseguição policial teve início no local até chegar ao Farol da Barra, por volta das 14h. Lá, Wesley desceu do próprio carro com um fuzil à mão. Pouco depois, começou a efetuar os disparos. Não há registro de outros feridos.  Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), ele teve um “surto psicológico”.

Em nota, a PM escreveu que “lamenta pela ocorrência crítica envolvendo um integrante da corporação” e que todas as medidas foram adotadas em prol “do objetivo principal, que é a preservação de vidas”

Os policiais que participaram da ação afirmaram que o PM demonstrava “descontrole emocional”. Ao longo da tarde, ele pintou o rosto de verde, entoou palavras de ordem, efetuou dezenas de disparos e chegou a jogar bicicletas e o material de trabalho de vendedores ambulantes no mar. Um especialista em gerenciamento de crise do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e   um psicólogo da equipe do Departamento de Promoção Social também estiveram no local, para tentar uma negociação. A área foi isolada e bloqueada. O trânsito já foi normalizado.