Por G1


A maior parte das cidades do Amapá enfrentou problemas no fornecimento de energia, que afetou o abastecimento de água, a compra e armazenamento de alimentos, serviços de telefonia e internet, entre outros. Quase 90% da população (cerca de 765 mil pessoas) foi afetada. Após 2 blecautes totais e 22 dias de fornecimento em rodízio, energia foi restabelecida no estado.

Veja como a crise começou e o que foi feito até agora.

2020

3 de novembro

Treze das dezesseis cidades do estado ficaram no escuro. Após forte chuva, explosão seguida de incêndio comprometeu os três transformadores na mais importante subestação do estado, que fica em Macapá.

Transformador que sofreu incêndio em subestação do Amapá — Foto: Arquivo Pessoal

5 de novembro

Governo lança plano de ação para retomada da energia, que inclui a recuperação de um dos transformadores incendiados a curto prazo, e, a médio prazo, a aquisição de termelétricas e a chegada de um novo transformador, vindos de outros estados.

6 de novembro

Ministro de Minas e Energia promete normalização da situação até a semana seguinte. “Em até dez dias, nós pretendemos restabelecer 100% da energia no Amapá”, afirmou o ministro Bento Albuquerque, depois de uma reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Davi Alcolumbre e Bento Albuquerque falam sobre apagão no Amapá

Davi Alcolumbre e Bento Albuquerque falam sobre apagão no Amapá

Uma onda de protestos populares iniciou em várias cidades do estado, cobrando o retorno da energia e responsabilização dos culpados.

Moradores da capital do Amapá, em Macapá, fazem protestos — Foto: Maksuel Martins/Fotoarena/Estadão Conteúdo

7 de novembro

A Justiça Federal determinou o prazo de três dias para que o apagão no Amapá fosse completamente solucionado, com 100% da eletricidade restabelecida, sob pena de multa de R$ 15 milhões.

Entenda o apagão no Amapá em 8 pontos

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8 de novembro

Energia começa a ser restabelecida na forma de rodízio. A alternância no serviço a cada 6 horas por região deveria ocorrer até a conclusão do restabelecimento total da luz no estado.

9 de novembro

O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), afirmou em entrevista à Globonews que quem deveria identificar e punir os culpados pelo apagão energético seriam os órgãos federais.

A Concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), que opera sobre a subestação incendiada, se pronunciou pela primeira vez sobre o apagão, citando fala em danos "complexos" e expectativa da volta da energia "o quanto antes".

Incêndio atinge subestação de energia durante chuva na Zona Norte de Macapá — Foto: Reprodução

10 de novembro

O Ministério do Desenvolvimento Regional liberou R$ 21,6 milhões para aluguel de geradores de energia e na compra de combustível que será usado na operação desses equipamentos para restabelecimento de 100% de energia de forma provisória.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, anunciou a abertura de uma investigação para apurar as causas do apagão no Amapá.

Segundo Pepitone, a concessionária responsável pela operação da subestação, a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), será notificada para prestar os esclarecimentos necessários à investigação.

Falta de energia prejudica serviços de telefonia e internet — Foto: Maksuel Martins/Fotoarena/Estadão Conteúdo

11 de novembro

O Ministério de Minas e Energia anunciou que aumentou o fornecimento de energia para 80% do Amapá, depois que entrou em operação uma unidade geradora na Usina Hidrelétrica de Coaracy Nunes. A usina fica em Ferreira Gomes, a 137 quilômetros de Macapá.

De acordo com o MME, a unidade gera mais 25 megawatts, o que permitiu levar energia a mais 10% do estado. Mesmo assim, o rodízio foi mantido.

O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a realização de uma auditoria para verificar possíveis irregularidades e omissões no apagão que atingiu o estado. A proposta de auditoria foi apresentada pela ministra Ana Arraes. Segundo ela, a apuração se justifica “diante do quadro de incontáveis prejuízos e danos à população, além das possíveis irregularidades e omissões” que levaram ao apagão.

Polícia Civil dá detalhes de perícia realizada em subestação que pegou fogo e deixou Amapá em apagão — Foto: John Pacheco/G1

No mesmo dia, a Polícia Civil divulgou resultado do laudo preliminar sobre as causas do incêndio no transformador. A investigação inicial descartou que o equipamento foi atingido diretamente por um raio e que o fogo começou em uma bucha, causando os danos.

A investigação conduzida pela Delegacia de Crimes Contra o Consumidor (Deccon) também pediu representou criminalmente pelo sequestro de R$ 500 milhões em bens e ativos da concessionária que opera a subestação que pegou fogo para reparação de danos ao consumidores. A Justiça estadual concedeu o pedido em parte e bloqueou R$ 50 milhões.

O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) enviou um ofício ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no qual pediu que as eleições municipais em Macapá fossem adiadas. A corte alegou insegurança ao pleito em função do apagão.

TRE-AP define nova data para realizar as eleições municipais 2020 em Macapá — Foto: Reprodução

12 de novembro

O plenário do TSE confirmou, por unanimidade, decisão do presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, que adiou as eleições municipais em Macapá.

Com a chegada do 10° dia de apagão, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) anunciou mudanças no cronograma de atendimento aos municípios: agora, a eletricidade deve ser fornecida em turnos de 3 em 3 horas ou de 4 em 4 horas - anteriormente, os turnos eram de 6 horas.

13 de novembro

No dia em que encerrava o prazo judicial para que a concessionária LMTE garantisse o retorno total da energia no estado, o juiz João Bosco Soares atendeu pedido da empresa e prorrogou a data para 25 de novembro.

Na mesma decisão, Justiça Federal determinou que a União viabilize auxílio emergencial de R$ 600 por 2 meses, totalizando R$ 1,2 mil, para famílias carentes dos 13 municípios que foram prejudicadas com o apagão.

A Companhia de Eletricidade do Amapá informou que o racionamento no fornecimento de energia elétrica no estado deve seguir, pelo menos, até 26 de novembro. O prazo equivale ao tempo previsto para chegada em Macapá de um transformador vindo da subestação de Laranjal do Jari.

O Pronto-Atendimento Infantil (PAI), único pronto-socorro pediátrico do estado, informou que registrou alta no número de atendimentos de crianças com irritações gastrointestinais, que provocam vômito e diarreia. Pais e a própria unidade de saúde suspeitam que problema tem ligação com o apagão energético.

15 de novembro

Com exceção de Macapá, 15 dos 16 municípios do estado vão às urnas, o equivalente a 44% do eleitorado. A Companhia de Eletricidade do Amapá informou que 12 das 13 cidades do estado atingidas pelo apagão, com exceção de Macapá, tiveram fornecimento integral de energia elétrica, sem rodízio.

A empresa explicou que com a suspensão do pleito apenas em Macapá foi possível realizar manobras na rede para oferecer 100% de eletricidade aos 12 municípios durante as 24 horas do domingo.

Eleição em Santana, segundo maior município do estado — Foto: Caio Coutinho/G1

16 de novembro

Chegam ao Amapá balsas com geradores termelétricos - movidos à combustível - para instalação em subestações de Macapá e Santana. Os equipamentos buscam aumentar e atingir 100% da capacidade de fornecimento de energia ao estado.

A solução é provisória. Para garantir o abastecimento com segurança e reserva de energia é necessária é a instalação de um segundo transformador na subestação que pegou fogo em Macapá e causou o apagão.

O transformador, que pesa cerca de 100 toneladas, começou a ser transportado de Laranjal do Jari, no sul do estado, numa operação logística que envolve balsas e caminhões.

Balsa com geradores chegando ao Amapá pelo Rio Amazonas — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

17 de novembro

O Amapá registrou um novo apagão total na noite de terça-feira, por volta das 20h30, atingindo as 13 das 16 cidades do estado que já estavam com fornecimento racionado por causa do blecaute ocorrido em 3 de novembro.

18 de novembro

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou que houve novo desligamento no Amapá que pode ter ocorrido no momento da "energização" de uma linha de transmissão.

Em nota, o ONS informa que a energização da linha Santa Rita-Equatorial pode ter levado a uma sequência de desligamentos de um transformador da subestação Macapá e da hidrelétrica Coaracy Nunes, o que gerou o apagão.

Macapá completamente no escuro após novo apagão na terça-feira (17) — Foto: Rede Amazônica

De acordo com o ONS:

  • às 20h27 ocorreu o desligamento automático do transformador da subestação Macapá e da hidrelétrica de Coaracy Nunes;
  • o desligamento provocou a interrupção de 183 MW de carga no estado do Amapá;
  • às 20h15, o processo de recomposição do fornecimento de energia foi iniciado de forma gradual;
  • às 21h03, houve novo desligamento da subestação Macapá;
  • às 21h10, foi feita uma nova tentativa de retomada da carga;
  • às 21h20, o transformador desligou pela terceira vez;
  • às 21h36, foi dado início em nova retomada da carga;
  • à 1h04 de quarta-feira, a carga no estado foi normalizada.

19 de novembro

A Justiça Federal no Amapá determinou o afastamento da atual diretoria da Aneel e também dos atuais diretores do ONS por 30 dias, para evitar que interfiram na apuração das responsabilidades pelo apagão.

O ONS é responsável pela coordenação e controle da operação de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) e pelo planejamento da operação dos sistemas isolados (como aqueles que têm garantido o abastecimento em Oiapoque, no extremo Norte, e Laranjal do Jari e Vitória do Jari, no extremo Sul do estado). O operador é fiscalizado pela Aneel, que foi criada para regular o setor elétrico brasileiro.

Planato anunciou visita do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao Amapá, após convite feito por Alcolumbre, que é senador pelo Amapá. O MME confirmou que o prazo para normalizar a energia no estado era até 26 de novembro.

O TSE confirmou as novas datas para eleições em Macapá: 6 e 20 de dezembro.

20 de novembro

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) derrubou a decisão de primeira instância que havia determinado o afastamento dos atuais diretores da Aneel e do ONS.

O ministro Bento Albuquerque visitou no dia 20 as duas subestações preparadas para receber os geradores termoelétricos.

21 de novembro

Presidente Bolsonaro em visita ao Amapá, no 19º dia de apagão — Foto: John Pacheco/G1

Bolsonaro visita o Amapá após 19 dias de blecaute, fez breves cerimônias para ligar parte dos geradores termoelétricos e declarou que o governo federal fez "todo o possível para restabelecer a energia". Ele também anunciou medida provisória a ser assinada "nos próximos dias", isentando os consumidores atingidos com o apagão de pagarem a conta de energia nos 30 dias anteriores.

Mesmo após acionamento dos geradores, bairros seguiram sem energia em Macapá, o que frustrou moradores. Enquanto isso, o estado somava 120 protestos contra o apagão, segundo a Polícia Militar (PM).

22 de novembro

O 20º dia do apagão teve rodízio mantido e promessa de acionamento de mais geradores, que não foram ligados no dia anterior. A região central do estado sofreu um temporal e a energização desses equipamentos foi transferida para o dia seguinte.

23 de novembro

Geradores são instalados em área residencial no Amapá e barulho incomoda moradores

Geradores são instalados em área residencial no Amapá e barulho incomoda moradores

Os moradores ainda contabilizavam prejuízos em consequência da chuva que atingiu principalmente Macapá. "Eu sinto um desespero", declarou uma moradora. Na Zona Norte da cidade, um curto-circuito em rede de energia causa série de explosões.

No terceiro dia com geradores termoelétricos, o barulho causado pelos equipamentos incomodou moradores: 'É perturbador'. A Eletronorte, estatal responsável pela instalação e operação dos geradores, explicou em nota que as instalações foram emergenciais e provisórias para visar o rápido restabelecimento da energia.

24 de novembro

Apagão no Amapá entra no 22º dia com ativação de novo transformador, fim de rodízio e restabelecimento de energia no estado — Foto: Emiliano Capozoli/LMTE/Divulgação

Após 22 dias de apagão, a CEA e o MME anunciaram a suspensão do rodízio e que a energia foi retomada em 100% do estado. A manobra foi possível com a energização do segundo transformador na subestação incendiada.

23 de dezembro

Foi energizado o transformador de "backup", a garantia de segurança energética para 89% do estado. A ativação do equipamento, que saiu de Roraima, integrou um planejamento feito pelo governo federal para a normalização do fornecimento do serviço no estado. Naquele momento, o Amapá tinha à disposição três equipamentos do tipo.

2021

15 de janeiro

O Amapá enfrentou um terceiro blecaute, também nos 13 dos 16 municípios. A interrupção durou cerca de 4 horas. A Aneel cobrou da LMTE explicações sobre o que aconteceu e o que foi feito para evitar reincidências.

11 de fevereiro

A Aneel anunciou que aplicou a maior multa da história do órgão. Foi um auto de infração emitido contra a LMTE, no valor de R$ 3,6 milhões.

Assista a vídeos do apagão no Amapá:

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