Publicidade

PLANO B EM CAMPO

Haddad e a sina do segundo poste

Lula e Haddad na campanha de 2016

“Eu sou o segundo poste do Lula. Tão sabendo disso, né?”. Ao comemorar a eleição para a Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad ironizou quem duvidara do seu potencial. Seis anos e uma derrota depois, ele tentará repetir a proeza na corrida ao Planalto.

Desta vez, a tarefa promete ser mais difícil. Em 2012, Lula estava livre para comandar a campanha do afilhado. Agora só deverá aparecer em imagens de arquivo, gravadas antes de sua prisão. Haddad também perdeu a aura de novidade. Além disso, terá que explicar por que os paulistanos reprovaram seu desempenho. Ele tentou a reeleição, mas foi atropelado por João Doria no primeiro turno.

Quem entende de pesquisas diz que o petista tem boas chances de chegar lá. Apesar de aparecer com apenas 1% das intenções de voto, ele deve herdar grande parte do espólio de Lula. No último Datafolha, 30% dos brasileiros afirmaram que votariam “com certeza” no candidato apoiado pelo ex-presidente. Outros 17% responderam que “talvez” escolham o poste.

O primeiro desafio de Haddad é se tornar conhecido fora de São Paulo. Ele precisará ganhar terreno no Nordeste, onde Lula lidera com 49%. Lá seu adversário direto é Ciro Gomes. Ex-governador do Ceará, o pedetista apostava na região para se tornar competitivo. O acordo dos petistas com PSB e PCdoB tende a esvaziá-lo. Ciro já acusou o golpe, ao reclamar que levou uma “punhalada nas costas”.

Haddad também terá trabalho para seduzir os próprios aliados. Depois da experiência com Dilma Rousseff, as bases do PT preferiam Jaques Wagner, um político tradicional. O professor universitário não tem a mesma capacidade de mobilização. À frente da maior cidade do país, foi acusado de dedicar mais tempo à intelectualidade uspiana do que aos eleitores da periferia.

Para um ex-ministro de Lula, o futuro presidenciável terá que mudar o estilo na campanha. “O Haddad é ótimo para defender o nosso projeto, mas tem muita dificuldade na ligação com o povo”, define. Sem driblar essa limitação, ele diz que será quase impossível erguer o segundo poste.

Leia também