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crise na esplanada

Moderado, general Freire Gomes é o mais cotado para comandar Exército

General Freire Gomes, principal candidato a substituir o general Pujol no comando do Exército

O candidato mais forte a substituir o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, é o general Marco Antônio Freire Gomes, de 63 anos, atual Comandante Militar do Nordeste e ex-secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional no governo de Michel Temer. Seu nome foi discutido  numa reunião do Alto Comando do Exército em Brasília.

A reunião dos comandantes das Forças Armadas em que foi discutida a possibilidade de renúncia conjunta  terminou sem a confirmação do que foi decidido. Internamente, oficiais afirmam que nada será divulgado antes de uma conversa com o novo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto.

Já está definido que, caso saia o atual comandante da Marinha, Ilques Barbosa Junior, ele será substituído pelo Almirante Almir Garnier, hoje Secretário-Geral do Ministério da Defesa. 

Por tradição, a instância máxima do Exército recomenda ao presidente três nomes de generais de quatro estrelas para substituir o comandante que sai. Esses três indicados em geral são os três mais antigos da carreira. Freire Gomes é o sexto mais antigo. O decano é o general José Luiz Freitas, que se formou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1979.

EntendaComandantes das Forças Armadas discutem renúncia conjunta

Freire Gomes é da turma de 1980. Com 63 anos de idade e 42 no Exército, é descrito como um oficial de perfil tranquilo e moderado.  

Nos bastidores, auxiliares de Bolsonaro estão trabalhando numa costura política para que a indicação de Freire Gomes não provoque mal-estar no alto oficialato, por ele não ser o mais antigo. 

Desde que tomou a decisão de trocar o chefe do Exército, na semana passada,  o presidente da República tem dito a auxiliares que quer alguém que esteja disposto a "botar o pé na porta" por ele, caso seja necessário. 

A expressão tem sido usada aqui e ali no Palácio do Planalto, onde existe uma revolta com as recentes decisões do STF autorizando os governadores a implantarem o lockdown para combater o espalhamento do coronavírus. 

Mas, no Alto Comando, o espírito reinante é justamente o oposto. Os generais enviaram recados, por meio de interlocutores, de que o que vai prevalecer é um entendimento comum, no momento contrário a qualquer ruptura da ordem democrática. Nesse ponto, os perfis do general Freire Gomes e dos outros decanos do Exército coincidem.

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Para os militares, a questão da idade não é banal. É tradição que os chefes sejam sempre mais antigos na carreira do que os subalternos. E o novo ministro da Defesa, Braga Netto, é mais "moderno"  do que os comandantes atuais das três forças.

Essa foi uma das questões discutidas  pelos chefes da Marinha, da Aeronáutica e do Exército, em sua reunião fechada. Embora todos reconheçam que o momento é delicado para as relações entre o presidente da República e os militares, nem todo mundo aceita tranquilamente a abrir mão de determinadas tradições para atender a Jair Bolsonaro.

É esse equilíbrio que está sendo negociado em Brasília.

Correção às 20h36m de 30/03: O general Freire Gomes não é o quinto, e sim o sexto mais antigo da carreira militar.

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