Por Jornal Nacional


SP, Rio e Minas enfrentam escassez de kits de intubação

SP, Rio e Minas enfrentam escassez de kits de intubação

São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais já enfrentam a escassez de kits de intubação, os medicamentos necessários para manter os pacientes sedados. O governo de São Paulo alertou o Ministério da Saúde sobre o risco do colapso no atendimento.

O armário quase vazio é um sinal de alerta na Santa Casa de São Carlos, no interior de São Paulo.

“A nossa preocupação é extrema com relação a isso. Então o planejamento é feito, porém não existe uma previsibilidade da indústria para o abastecimento”, relatou o diretor-administrativo da Santa Casa de São Carlos, Remídio Vizzoto Júnior.

A Federação das Santas Casas Paulistas relata que não consegue receber os remédios que já comprou, porque eles foram requisitados em março pelo governo federal.

“Está atrapalhando os laboratórios entregar esses medicamentos para as Santas Casas, que já foram comprados e eles estão atrasando. Então o estoque, que era de 30 dias, está caindo para 20, 10, para 1 semana e já tem lugar que está com 3, 4, 5 dias”, revelou o diretor da Federação das Santas Casas, Edson Rogatti.

Em São Paulo, o governo do estado diz que, durante 6 meses, não recebeu todos os medicamentos pedidos e que faz 40 dias que pede urgência na recomposição dos estoques. O estado mandou nove ofícios ao Ministério da Saúde, mas não teve resposta até agora. No último, enviado na terça-feira (13), o governo destaca que “é imprescindível o envio de medicamentos para o estado em até 24 horas para suprir o abastecimento de 643 hospitais para os próximos dez dias”. O prazo vence nesta quarta-feira (14).

“Nossa indignação é que o ministério, de um lado age para desorganizar ainda mais o mercado e, de outro lado, ele não abastece os estados. Então ele está deixando o estado de São Paulo e os demais estados numa situação absolutamente caótica”, afirmou o secretário-executivo estadual da Saúde, Eduardo Ribeiro Adriano.

Em Governador Valadares, no interior de Minas, dois leitos de UTI tiveram que ser fechados por falta do kit intubação. Das nove cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte que têm alguma estrutura de terapia intensiva, cinco enfrentam escassez ou já não têm mais medicamentos necessários.

A Defensoria Pública da União em Minas Gerais entrou na Justiça para que o governo federal compre ou repasse verba para o governo do estado comprar medicamentos e insumos do kit intubação.

Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, profissionais de dois hospitais relatam o desespero, pela falta de remédios para diminuir a dor de pacientes com Covid.

“Inclusive nossos pacientes intubados estão praticamente acordados. Isso é desumano. A gente chora, porque ninguém pode fazer nada sem os remédios”, disse um funcionário do hospital de Saracuruna.

“No final de semana, teve um plantão que não tinham medicações, não tinham sedativos para os pacientes do CTI e, então, infelizmente, eles vieram a óbito”, contou uma enfermeira do Hospital São José.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta quarta (14) que os medicamentos devem estar disponíveis nos próximos dez dias:

“O governo federal, através de iniciativa conjunta com a Organização Panamericana de Saúde, vai fazer uma compra direta e já fez essa compra direta e estimamos que, nos próximos dez dias, nós tenhamos o nosso estoque regulador fortalecido para acabar com essa luta do dia a dia, de dar suporte às secretarias municipais e estaduais de Saúde.”

A Secretaria de Saúde de Minas Gerais declarou que o desabastecimento de medicamentos para intubação afeta todo o estado, que a situação é crítica e que um dos medicamentos pode acabar em cinco dias.

A Secretaria de Saúde do estado do Rio de Janeiro afirmou que está buscando alternativas viáveis para atender aos hospitais.

O Ministério da Saúde declarou que aguarda a chegada, na quinta (14), de 2,3 milhões de medicamentos para intubação doados por um grupo de empresas e que eles serão imediatamente distribuídos aos estados com estoques mais baixos.

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