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Política Lava-Jato

Fachin confidenciou cansaço com derrotas da Lava-Jato e disse não ter mais clima para permanecer na Segunda Turma

Articulação feita pelo ministro deve mantê-lo como relator dos casos da Lava-Jato mesmo com saída do colegiado
O ministro do STF Edson Fachin. 13/04/2021 Foto: Divulgação
O ministro do STF Edson Fachin. 13/04/2021 Foto: Divulgação

BRASÍLIA — Diante dos desgastes e sucessivas derrotas que vem enfrentando na Lava-Jato, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin considerou não ter mais clima para permanecer na Segunda Turma do STF, onde tem enfrentado oposição constante dos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Por isso, o ministro buscou um caminho para sair do colegiado e pediu, nesta quinta-feira, para migrar para a Primeira Turma após a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Há um entendimento nos bastidores que ele deve manter a relatoria da Lava-Jato mesmo saindo da turma.

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Fachin confidenciou um sentimento de cansaço a interlocutores por causa desses embates. Tornou-se voz isolada e não é defendido dos ataques dos colegas anti-Lava-Jato, situação que tem incomodado o ministro. Fontes próximas ao ministro avaliaram que ele tem sinalizado uma vontade de fechar seu ciclo à frente dos casos da Operação Lava-Jato e se dedicar à organização da disputa eleitoral de 2022 como futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Po ora, porém,  ele deve permanecer à frente do caso.

A avaliação do gabinete do ministro é que a Lava-Jato continuará tramitando na Segunda Turma do STF, mas que o ministro poderá continuar participando dos julgamentos nessa turma quando se tratar de processos da operação. Nos processos novos, cuja competência passou a ser do plenário do STF devido a uma mudança feita pelo presidente Luiz Fux, a competência da Segunda Turma já estaria esvaziada.

O presidente do STF, Luiz Fux, ainda terá que decidir os detalhes de como será a sucessão dos processos da Lava-Jato. A nota divulgada pelo gabinete de Fachin dizia: "Caso confirmada pela Presidência e pelo tribunal a mudança de órgão colegiado, a Segunda Turma continua preventa para o julgamento de todos os processos referentes à Operação Lava-Jato". Há conversas nos bastidores em andamento, entretanto, para preservar parte dos casos nas mãos do ministro Fachin.

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Atual vice-presidente do TSE, Fachin assumirá a presidência do tribunal eleitoral a partir de fevereiro do próximo ano e tem demonstrado a interlocutores muita preocupação com o clima de extrema polarização e críticas à credibilidade do processo eleitoral. Fachin deixará o TSE em agosto de 2022, pouco antes da eleição, quando assume o posto o ministro Alexandre de Moraes.

Fachin assumiu a relatoria da Lava-Jato após a morte do ministro Teori Zavascki em um acidente de avião em janeiro de 2017. Era o início das delações premiadas da Odebrecht e, pouco depois, da JBS. Desde então, o STF passou a impor diversas derrotas à operação.