Prezadas leitoras, caros leitores —

Estamos botando no ar, hoje, um projeto novo. Queremos explicar por que o 5G muda tudo. Não se trata de apenas um 4G mais rápido — embora, sim, seja banda larga de verdade no celular. O 5G, que começa a andar no Brasil, vai trazer para o mundo físico aquilo que só existe no virtual. Os postes das ruas, as gôndolas dos supermercados, a casa da gente, tudo terá o potencial de ser inteligente. De avisar que acabou o leite ou evitar um acidente de trânsito. Nos próximos anos, bem antes de a década de 20 terminar, o mundo será transformado pelo 5G.

Para este projeto, uma das principais companhias diretamente envolvidas nesta transformação se prontificou a patrocinar nosso trabalho. É a Nokia. Pudemos, assim, convocar para nos explicar a tecnologia um dos mais veteranos jornalistas de tecnologia no Brasil. Heinar Maracy. Ele já falava sobre tec na Folha de S. Paulo, em princípios dos anos 1990, foi co-fundador da finada revista Macmania, e escreve como poucos nesse ramo. Porque precisa escrever simples para explicar bem.

A partir de hoje, e todas as quartas, um novo artigo da série será publicado. Em março virão vídeos também semanais. Explicar como o mundo está sendo transformado no século 21, da política ao digital, é nossa principal missão cá no Meio. Estamos felizes em poder focar nesta que é uma grande revolução e que não está tendo, ainda, a atenção que devia ter.

Bem-vinda, Nokia. E obrigado.

— Os editores.

Bolsonaro quer segurar ministérios para testar Centrão

O presidente Jair Bolsonaro elegeu seus candidatos para as presidências da Câmara e do Senado mas está sendo aconselhado por aliados a parcelar a fatura, fazendo uma reforma ministerial a conta-gotas. O objetivo é testar (ou garantir) a fidelidade do Centrão, que, como sempre, quer mais espaço na Esplanada dos Ministérios. As pastas da Cidadania e do Desenvolvimento Regional e seus polpudos orçamentos seriam entregues agora. Conforme pautas do governo andassem no Congresso, mais cargos seriam abertos para o grupo. (Folha)

Depois de inaugurar seu mandato como presidente da Câmara atropelando os adversários ao anular o bloco de Baleia Rossi (MDB-SP), Arthur Lira (PP-AL) pisou no freio. Ele costurou um acordo com a oposição, entregando dois dos seis cargos da Mesa Diretora ao PT e ao PSDB, que devem escolher hoje os nomes. PDT e PSB devem ficar com duas das quatro suplências. (Poder 360)

Na reorganização de forças da Câmara, a mudança que mais chamou a atenção foi a entrega da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa, a Bia Kicis (PSL-DF). Bolsonarista radical, ela é investigada no Supremo no inquérito das fake News e notória negacionista do isolamento social contra a Covid-19. (Globo)

Aliás... Kicis já defendeu da tribuna da Câmara intervenção militar no país. Assista. (Twitter)

Por falar em STF, a Corte teme um impasse com a eleição de Lira, que o tornou o segundo na linha de sucessão presidencial. Uma decisão de 2016 proíbe que réus em ações penais assumam a presidência da República. Há duas ações desse tipo contra Lira na Corte, decorrentes da Lava Jato. Ambas foram aceitas, decisão que o deputado contesta. (Folha)

Já apelidada de “covidfest” por conta do desrespeito a todas as regras de isolamento social, a festa em comemoração à vitória de Lira ganhou mais uma polêmica. O empresário Marcelo Perboni, anfitrião do evento, é réu num processo por fraude tributária. (Estadão)

E a ressaca eleitoral já se faz sentir nos partidos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avalia que o PSDB demonstrou hesitação na eleição da Câmara e precisa “tomar um rumo” para ser uma alternativa do governo Bolsonaro. (Estadão)

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O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, disse ontem que o ex-presidente Lula é “digno de um julgamento justo” sem ter em vista “fazê-lo inelegível”. A turma da qual o ministro faz parte no STF vai julgar o pedido de suspeição do então juiz Sérgio Moro no processo que condenou Lula pelo tríplex no Guarujá. Gilmar também comentou as conversas de Moro com integrantes da força-tarefa da Lava Jato, dizendo que os diálogos “não são de anjo”.

Lula não contou com a mesma simpatia no Superior Tribunal de Justiça, que ontem negou novo recurso contra a condenação pelo tríplex.

Meio em vídeo. Por mais venal que seja a eleição do Centrão, ela também representa o fato de que Jair Bolsonaro foi obrigado a jogar política como sempre se jogou na Nova República. Ele não conseguiu o rompimento institucional que desejava — mas o que isso quer dizer para nossa democracia? Para refletir sobre o momento, o Conversas com o Meio desta semana ouviu o cientista político Carlos Pereira. Confira no YouTube.

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O Mundo transformado pelo 5G

Cidades terão sua iluminação, tráfego, níveis de poluição, vagas de estacionamento, sistema de água e esgoto e outros itens conectados em uma malha inteligente. Isso proporcionará não somente ganhos de eficiência, mas também maior sustentabilidade. Bombeiros poderão ser acionados automaticamente quando um sensor detectar um prédio em chamas. Sensores de vibração permitirão análise preditiva de pontes ou edifícios com fadiga de materiais. A comunicação entre carros vai melhorar também a eficiência dos carros autônomos que finalmente poderão ganhar as ruas. Aplicações de missão crítica, como cirurgias a distância ou uso de robôs em ações onde há risco de vida, poderão ser realizadas graças à maior confiabilidade da rede 5G. Mas você quer entender o que é o 5G e como ele transforma o mundo? Leia o primeiro artigo de nossa série.

Cotidiano Digital

Após quase 30 anos, Jeff Bezos vai deixar a posição de CEO da Amazon. O bilionário fará a transição para o cargo de presidente executivo do conselho até o terceiro trimestre deste ano, e Andy Jassy, que atualmente dirige o negócio de nuvem da big tech, entrará no seu lugar. Fundador, Bezos dirige a companhia desde 1994, e vinha se afastando no dia a dia. Com a pandemia, o boom do e-commerce e problemas logísticos pelo mundo, teve de voltar ao cotidiano. “Ser o CEO da Amazon é uma responsabilidade profunda e desgastante. Quando você tem uma responsabilidade como essa, é difícil colocar atenção em outra coisa ”, escreveu em carta para os funcionários. E Bezos tem muito com o que se ocupar. Disse que vai continuar envolvido em iniciativas importantes da Amazon, mas se dedicará mais a seus fundos sociais e ambientais, à empresa espacial Blue Origin e ao Washington Post, jornal que adquiriu há alguns anos. Leia a carta na íntegra.

Sua saída representa o fim de uma era para a Amazon e também dos grandes CEOs fundadores. Sob comando de Bezos, a Amazon foi de uma loja online de livros que administrava de sua garagem para um gigante da tecnologia que hoje vale US$ 1,7 trilhão. Revolucionou o e-commerce com a introdução de conceitos como marketplace e avaliações de clientes. Além de ter expandido para venda de milhares de produtos, também foi para computação em nuvem, streaming e lojas físicas. Muitos dos seus produtos também mudaram o mercado — o Kindle se tornou sinônimo de livros digitais e, a Alexa, de assistente virtual. E Bezos colheu os frutos. Foi a primeira pessoa alcançar uma fortuna de mais de US$ 200 bilhões. Conheça a trajetória de Bezos e da Amazon.

Mas... O sucessor não só herdará os sucessos, mas também os desafios. A principal preocupação deve ser as investigações antitruste em andamento contra a empresa, tanto nos EUA quanto no exterior. Também as pressões por iniciativas sustentáveis e direitos trabalhistas.

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Faz cinco dias que o site Peixe Urbano está fora do ar. Pelo Twitter, a empresa de cupons alegou que o portal está passando por uma “intermitência sistêmica” e que “o time de tecnologia está trabalhando para corrigir o erro”. Mas internautas suspeitam de falência.

Viver

Já em uso no Brasil, a vacina contra Covid-19 da Universidade de Oxford/AstraZenenca tem eficácia de 82% se o intervalo entre as duas doses for de até 12 semanas. Em artigo publicado na revista científica Lancet, uma das mais respeitadas do mundo, pesquisadores de três países, incluindo Brasil, afirmam ainda que a eficácia com apenas uma dose é de 76% após 22 dias. É uma boa notícia para quem defende aumentar o intervalo entre as doses para imunizar um número maior de pessoas. (Estadão)

Porém, cada vez mais países recomendam que a vacina de Oxford/AstraZeneca não seja aplicada em maiores de 65 anos, por falta de dados concretos sobre os resultados nessa faixa etária. França, Suécia e Polônia se juntaram a Alemanha e Áustria na adoção dessa estratégia, que vai na contramão da política de prioridades do Brasil e dos EUA, por exemplo. (Globo)

O Rio de Janeiro, por exemplo, antecipou o calendário de vacinação e pretende imunizar até o fim desde mês os maiores de 75 anos. A cidade ultrapassou a marca de 30 mil mortos pela doença. (Globo)

Ainda no campo das vacinas, desenvolvida na Rússia e já adotada numa série de países, a Sputnik V teve finalmente sua eficácia divulgada, ainda que preliminarmente. Os primeiros resultados da fase 3, também publicados na Lancet, indicam que o imunizante russo é 91,6% eficaz globalmente e 100% em casos moderados e graves.

Mas calma. A Anvisa informou que a Sputnik V 91,6% eficaz é diferente da que teve a autorização pedida pela União Química, que representa no Brasil o laboratório russo Instituto Gamaleya. De acordo com a agência, a Lancet divulgou resultados da vacina líquida armazenada a -18ºC, enquanto a União Química propõe outras condições de temperatura e conservação. A Anvisa quer mais dados para saber se os resultados são os mesmos. (Globo)

O Congresso, porém, quer facilitar a aprovação da Sputnik V anulando a decisão da Anvisa que exigia testes de fase 3 no Brasil para autorizar uso emergencial da uma vacina. (Estadão)

Ao mesmo tempo em que buscam autorização para uso de suas vacinas, laboratórios de todo o mundo travam uma corrida contra as novas variantes do coronavírus. Os imunizantes de RNA mensageiro da Pfizer/BioNTech e da Moderna, por exemplo, são eficientes contra a cepa britânica, mas não se saem tão bem contra a sul-africana. Mesmo assim, as vacinas são fundamentais para a proteção contra os casos mais graves da doença. (Folha)

Mas o governo brasileiro excluiu da MP das vacinas o item que facilitava a negociação com a Pfizer. O trecho retirados permitia que a União se responsabilizasse pelos efeitos colaterais da vacina. (Estadão)

Com 1.240 mortes na terça-feira, o Brasil completou 13 dias com média móvel de óbitos acima de mil. Desde o início da pandemia, 226.383 morreram no país.

Ah, a vacina falsa em Madureira era fake news, mas na China não. As autoridades locais prenderam mais de 80 pessoas e apreenderam três mil seringas com soro fisiológico, possivelmente destinadas ao mercado externo. (Globo)

Em Manaus, a crise sem precedentes provocada pela variante local do Sars-Cov-2 provocou uma segunda epidemia. A de cancelamento de matrículas nas escolas particulares. Em média, 20% a 30% das famílias tiraram seus filhos da rede privada ao longo de 2020, segundo levantamento do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Amazonas (Sinepe-AM). A entidade não tem como avaliar se esses estudantes migraram para a rede pública ou se ficaram totalmente sem aulas. (A Crítica)

O protótipo de um foguete da SpaceX, de Elon Musk, explodiu durante um teste de lançamento. Não houve feridos, já que a nave não era tripulada. Veja o vídeo. (New York Times)

Cultura

O autor da frase “paus e pedras podem me ferir; palavras, não” nunca discutiu com Nelson Rodrigues (1912-1980). Ao longo de décadas, o jornalista e dramaturgo pernambucano radicado no Rio cunhou petardos como “Há sujeitos que nascem, envelhecem e morrem sem ter jamais ousado um raciocínio próprio.” e “Temos uma bondade frívola, distraída, relapsa. Fazendo as contas, somos bons, por dia, de quinze a vinte minutos.” Também era capaz de momentos de poesia, especialmente quando falava de futebol, sua grande paixão. Pois as tiradas de Nelson ganham finalmente uma merecida antologia, o livro Só os Profetas Enxergam o Óbvio. (Estadão)

E pelo menos três romances de Nelson, a começar por Asfalto Selvagem, de 1959, voltam às livrarias este ano. (Globo)

Houve um tempo em que figuras públicas, especialmente artistas, podiam ser pessoas horríveis impunemente. Não mais. Na Era do Cancelamento, isso significa prejuízo no bolso. A Universal Music anunciou o rompimento do contrato com o cantor americano Marilyn Manson após as denúncias de abusos sexuais e agressões feitas pela atriz Evan Rachel Wood. Os dois foram noivos em 2010, e desde então ela sempre se referia a um “ex abusivo”. Desta vez deu nome, motivando outras mulheres a denunciarem o cantor. (Globo)

Por aqui, o festival Rec-Beat cancelou a participação (virtual) da rapper paranaense Karol Conká. Dona de uma imagem de engajamento e empoderamento, ela vem chocando até os fãs com atos de “tortura psicológica” e xenofobia no Big Brother Brasil. (Folha)

Patrícia Kogut: “O programa de Karol Conká e Marcela McGowan no YouTube do GNT, Prazer, feminino não será mais exibido na TV em fevereiro em reprises, como previsto inicialmente.” (Globo)

E até Luke Skywalker entrou (inadvertidamente) na polêmica. O ator Mark Hamill tem o hábito de publicar no Twitter, sem muita noção, frases a pedido de fãs. Um deles pediu que Hamill publicasse “Fora Karol Conká”. O resultado? Confira. (Estadão)

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