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Butantan prevê acelerar fabricação da CoronaVac em maio com maior chegada de insumos da China

Dimas Covas, diretor do instituto, afirmou que cronograma de produção da vacina pode ser antecipado após atrasos em abril
Vacinas compradas pela iniciativa privada devem ser doadas ao SUS Foto: Agência O Globo
Vacinas compradas pela iniciativa privada devem ser doadas ao SUS Foto: Agência O Globo

SÃO PAULO — O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a instituição deve acelerar a fabricação de vacinas a partir de maio e adiantar o cronograma de entrega de imunizantes. Ele acompanhou o governador João Doria (PSDB) na liberação de mais 700 mil doses da CoronaVac na manhã desta segunda-feira.

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Mais cedo, Doria esteve presente no recebimento de uma carga de três mil litros de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), que permitirá a produção de cinco milhões de doses da CoronaVac. A carga chegou com a metade do conteúdo inicialmente previsto e mais de dez dias de atraso.

Dimas Covas afirmou que a repartição do lote de IFA foi feito pelo sistema de exportação da China em razão da alta procura de vacinas a partir do país asiático. Segundo ele, o Butantan prevê receber no mês de maio uma quantidade maior de insumos e, assim, antecipar a produção dos imunizantes.

— Com uma liberação maior de matéria-prima esperamos  poder adiantar o cronograma. Nós estamos fazendo todo o esforço para acelerar a produção. Estamos trabalhando no limite da capacidade, mas assim mesmo procurando dar mais eficiência ao processo, para que as vacinas sejam entregues o mais rapidamente possível. A partir de 3 de maio voltaremos a entregar vacinas — declarou.

Desde 17 de janeiro, o Instituto Butantan entregou 41,4 milhões de doses ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, que redistribui as vacinas para todo o país. Em março, o instituto entregou 22,7 milhões de doses, mas a quantidade enviada ao PNI em abril, até o momento, é de apenas 5,2 milhões.

Doria reclama de centralização do Ministério da Saúde

João Doria reclamou das revisões feitas pela Fiocruz e pelo Ministério da Saúde no cronograma da distribuição das vacinas no PNI e criticou a decisão do Ministério da Saúde de requisitar os "kits intubação" de pacientes de Covid-19 dos estados.

— O governo federal precisa revogar a medida do Ministério da Saúde, (feita) ainda no tempo do ex-ministro Eduardo Pazuello, que requisitou integralmente toda a produção de medicamentos para intubação. Se o fizer, não só São Paulo como também os demais estados voltarão a fazer aquisição desses medicamentos diretamente nesses laboratórios. Há quase 45 dias estamos sem insumos pela requisição feita pelo Ministério da Saúde — disse o governador.

O Butantan fechou o protocolo para o início dos testes de sua vacina própria, a ButanVac, na última sexta-feira com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo Dimas Covas.

— Já temos em andamento as discussões com a Anvisa, porque é um procedimento novo. Não é um estudo clássico, mas de comparação entre respostas vacinais. E estamos prontos para que a Anvisa compreenda a natureza do estudo e nos permita evoluir. Do ponto de vista da infraestrutura já está sendo providenciada. Todos os outros elementos do estudo já estão sendo finalizados. É uma perspectiva muito próxima e positiva essa vacina — disse ele.

Flexibilização das medidas restritivas

Questionado sobre aglomerações registradas no primeiro dia da chamada fase de transição, uma nova etapa do plano de quarentena do estado iniciada no último domingo, o governador evitou fazer um balanço do isolamento na capital. Ele afirmou que ainda não há dados para avaliar a eficácia da medida, mas que o "distanciamento em igrejas e templos foi respeitado" e que "não houve nenhum excesso além do que foi autorizado pelo centro de contingência.

O secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou ser "muito precoce" fazer uma avaliação da taxa de isolamento e que "a maior interessada na flexibilização gradual e segura é a população".