Saúde Vacina

Queiroga diz que vacinação de grupos prioritários só deve ser concluída em setembro

'Não fica com essa coisa de ficar contando dose de vacina', diz ministro da Saúde
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga Foto: Reprodução/TV Brasil
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga Foto: Reprodução/TV Brasil

BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quarta-feira que a vacinação dos grupos prioritários contra Covid-19 deve ser concluída somente em setembro. A previsão traz um atraso de quatro meses em relação ao que foi previsto pelo ex-ministro Eduardo Pazuello, que estipulava que em maio os grupos prioritários do Programa Nacional de Imunizações (PNI) seriam concluídos. Questionado sobre o motivo da mudança, Queiroga afirmou que não se deve ficar "contando dose de vacina". Segundo ele, atrasos nas entregas de fornecedores como o consórcio Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS), e problemas nas remessas de insumos utilizados na produção atrapalharam o cronograma.

— O calendário é sujeito às entregas. Covax Facility é uma iniciativa da OMS, o que ocorre? Covax Facility não nos entrega o que foi acordado. Insumos que vêm de outros países, há uma carência nesses insumos. Isso não é uma questão do Brasil, é uma questão mundial. Não ter atingido a meta dos 78 milhões se deve a esses aspectos. Aos aspectos regulatórios. O Ministério da Saúde não vai colocar vacinas que não sejam aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) — afirmou.

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Na terça-feira, o governo anunciou negociações para a compra de 100 milhões de doses extras da vacina da Pfizer. Caso o contrato seja fechado, no entanto, as doses chegarão somente no ano que vem. O ministro não falou que outras alternativas há para resolver o gargalo da vacinação no país e disse que é preciso "deixar de ver só problema".

— O que é concreto é que o Brasil é o quinto país que mais vacina. É importante. E em relação à população é o nono. E o Brasil é um dos países que produz vacina. Temos um contrato de transferência de tecnologia. Temos pontos muito positivos, e isso que é importante. E vocês nos ajudam muito a tranquilizar nossa população. Temos duas indústrias nacionais, é um patrimônio de cada um dos brasileiros, que são o Butantan e a Fiocruz. Vamos deixar de ver só problema, porque a gente está aqui para dar solução à nossa população. Não fica com essa coisa de (ficar) contando dose de vacina, vamos vacinar a população brasileira.

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A coordenadora do Programa de Imunizações, Francieli Fantinato, também explicou a estratégia para distribuição da vacina da Pfizer. A expectativa é que 1 milhão de doses do imunizante, que demanda conservação em baixas temperaturas, chegue ao país neste mês.

— Nós operamos com a rede de frio de 2 a 8 (graus) lá na ponta. Nas centrais estaduais a gente consegue operar até -20 graus. E no nível central a gente consegue estar armazenando a -80 graus. Essa logística vai ter que ser trabalhada de acordo com a realidade do país —  explicou. — Inicialmente, vamos receber na nossa logística em SP, vamos distribuir para as centrais estaduais. Quando a gente distribui para as centrais estaduais, podemos armazenar a -20 graus por 14 dias. A partir do momento que armazenamos em uma sala de vacina é na temperatura de 2 a 8 graus por cinco dias.

Fantinato afirmou ainda que a pasta pretende selecionar pontos de vacinação com quantitativo limitado de vacinas para que haja aplicação no tempo adequado e não haja desperdício das doses.

Incorporação de medicamento

O ministro disse ainda que a pasta vai pedir à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no SUS que avalie o coquetel Regn-CoV2 para possível inclusão na rede pública brasileira. Segundo Queiroga, a avaliação da Conitec leva em média 180 dias, mas a pasta pedirá que o processo seja mais célere. Queiroga evitou, no entanto, estipular um prazo definição sobre o tema.

De acordo com ele,  é preciso uma análise científica e também financeira a respeito da viabilidade de inclusão da droga no rol de medicamentos utilizados no SUS. Na última terça-feira, a Anvisa autorizou o uso emergencial do medicamento no país. A agência afirmou que as análises apontam eficácia em reduzir necessidade de internação e reduz as chances de evolução para um quadro de gravidade da doença. O Regn-CoV2 é o segundo medicamento aprovado pela Anvisa para uso no tratamento de Covid-19, além dele, a agência já autorizou o rendesivir.

— Vamos avaliar tecnicamente e no momento em que tivermos a avaliação, vamos considerar esse medicamento para incorporação. Importante que incorporado, ou não, isso seja feito como reza nossa legislação sanitária.

O ministro falou ainda que a pasta deve entregar mais 1,5 milhão de unidades de medicamentos para intubação até maio. A previsão é que já na próxima semana haja distribuição de 900 mil.

— Estamos trabalhando na prospecção desses insumos, seja no Brasil, seja no exterior, de tal sorte que não haja desabastecimento no mercado. A minha opinião pessoal é a de que a fase mais crítica, em relação a kit intubação e à questão do oxigênio, estamos muito próximos de vencer.