Saúde Vacina

Leite materno produzido por mães vacinadas tem anticorpos contra a Covid-19, diz estudo

Para pesquisadores, celulas de defesa ajudariam a proteger bebês contra a doença, mas ainda são necessários mais estudos
Bebê é amamentado pela mãe, nos EUA Foto: EDUARDO MUNOZ / O Globo
Bebê é amamentado pela mãe, nos EUA Foto: EDUARDO MUNOZ / O Globo

RIO — Dois anticorpos específicos contra o novo coronavírus (IgA e o IgG) foram identificados no leite materno produzido por mulheres que receberam a vacina, de acordo com um estudo publicado segunda-feira na revista científica americana The Journal of the American Medical Association (JAMA).

Os pesquisadores avaliam que o leite materno pode ser uma fonte de anticorpos contra a Covid-19 para os recém-nascidos, embora essa conclusão dependa de novos estudos específicos. A pesquisa ainda não permite concluir que bebês que tomem do leite materno com anticorpos fiquem, de fato, protegidos contra a Covid-19. Os pesquisadores, liderados por Sivan Haia Perl, do Shami Medical Center, afirmam que não realizaram "nenhum ensaio funcional" para testar a possibilidade, embora estudos anteriores já tenham mostrado capacidade de neutralização dos mesmos anticorpos.

Brasil: Levantamento alerta para escassez de oxigênio em 1.105 cidades

“Os anticorpos encontrados no leite materno dessas mulheres mostraram fortes efeitos neutralizantes, sugerindo um potencial efeito protetor contra infecção em bebês”, afirmam os cientistas no artigo sobre a pesquisa.

Para chegar aos resultados que confirmaram a presença dos anticorpos no leite, os pesquisadores acompanharam um grupo de 84 mulheres em Israel entre 23 de dezembro de 2020 e 15 de janeiro deste ano.

Todas as participantes receberam as duas doses do imunizantes fabricado pela Pfizer-Biontech respeitando o intervalo de 21 dias entre as doses. As amostras de leite materno foram colhidas antes e depois da administração da vacina.

Leia mais: Rendesivir, único remédio aprovado para tratar Covid no Brasil, ainda não foi adotado no país

Após a aplicação do imunizante, os pesquisadores coletaram o leite materno semanalmente durante um período de seis semanas a partir do 14º dia após a primeira dose da vacina. Ao todo, foram colhidas 504 amostras de leite materno.

Dentre as amostras colhidas na primeira semana, 61,8% apresentaram anticorpos IgA contra a Covid. Após a segunda dose da vacina, esse percentual sobe para 86,1%.

Já no caso do anticorpo IgG, os níveis das células de defesa contra a doença permaneceram baixos durante as três primeiras semanas e foram aumentando a partir da quarta semana, após a segunda dose do imunizante. Entre as semanas 5 e 6, 97% das amostras de leite materno testadas apresentaram o anticorpo.

Estudo brasileiro: Covid pode causar sérias lesões nos olhos

Esse aumento acontece porque a segunda dose da vacina é responsável por estimular o corpo a produzir um número maior de anticorpos, enquanto que a primeira dose ensina o corpo a reagir à doença.

Anticorpos

A pesquisa investigou dois anticorpos: o IgA e o IgM. Os anticorpos são proteínas do sistema imune e são uma das frentes de defesa do corpo contra doenças.

Existem diferenças entre os anticorpos: o IgA, no geral, protege contra infecções de membranas mucosas presentes na boca, vias aéreas e aparelho digestivo. Já o IgG é o principal anticorpo presente no sangue e age dentro dos tecidos para combater infecções.