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Universidade admite ter manipulado notas de mulheres em vestibular

Esquema em faculdade japonesa limitava a aprovação de candidatas no exame

Tetsuo Yukioka, diretor executivo da universidade, e Keisuke Miyazawa, vice-presidente, pedem desculpas pela fraude
Foto: TORU HANAI / REUTERS
Tetsuo Yukioka, diretor executivo da universidade, e Keisuke Miyazawa, vice-presidente, pedem desculpas pela fraude Foto: TORU HANAI / REUTERS

TÓQUIO — Uma investigação interna confirmou que a Universidade de Medicina de Tóquio manipulou, deliberadamente, as notas de candidatas nos exames de acesso, com o intuito de limitar o número de mulheres nas turmas de graduação. A prática durou ao menos uma década e foi classificada como um caso “muito sério” de discriminação. Diretores da instituição negaram conhecimento sobre o esquema, informa a agência Reuters.

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As alterações nas notas das candidatas foram descobertas durante a investigação de um caso de propina. Masahiko Usui, ex-presidente do conselho de administração, e Mamoru Suzuki, ex-presidente da instituição, foram acusados de inflar as notas do filho de Futoshi Sano, um ex-funcionário do alto escalão do Ministério da Educação, em troca de tratamento preferencial num programa de subsídios do governo.

A revisão dos processos de admissão revelou que as notas do filho de Sano e de muitos outros candidatos foram infladas “injustamente”. Em um dos casos, em até 49 pontos. A investigação concluiu que os resultados dos exames foram manipulados para dar aos homens mais pontos e reduzir o número de mulheres admitidas, pois os diretores da universidade acreditavam que futuras médicas estariam mais propensas a abandonar a profissão para cuidar dos filhos.

— Este incidente é realmente lamentável. Por meio de fraudes no recrutamento, eles engaram os candidatos, suas famílias, os funcionários da escola e a sociedade como um todo — afirmou o advogado Kenji Nakai, contratado pela universidade para investigar o caso, em entrevista coletiva.

A investigação demonstrou que as notas dos homens, incluindo os que falharam uma ou duas vezes, eram aumentadas artificialmente, enquanto as notas de todas as mulheres e dos homens que falharam três ou mais vezes, não recebiam o mesmo tratamento. Os investigadores não conseguiram calcular o número de mulheres afetadas, mas o esquema funcionava havia pelo menos uma década.

Na coletiva de imprensa, diretores e funcionários da universidade se desculparam e pediram para o público considerar as medidas que estão sendo tomadas, que podem incluir compensações financeiras. Entretanto, eles afirmaram desconhecer a fraude.

— A sociedade está mudando rapidamente e nós precisamos responder a essa mudança. Qualquer organização que falhe em atender as mulheres vai crescer enfraquecida — afirmou Tetsuo Yukioka, diretor executivo da universidade. — Eu acho que esse pensamento não tinha sido absorvido.