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Política Eleições 2018

Análise: Candidatos batem no sistema financeiro e usam siglas incompreensíveis

De Boulos a Meirelles, todos atacaram as altas taxas de juros e os altos lucros
Candidatos à Presidência Foto: Editoria de Arte - O Globo
Candidatos à Presidência Foto: Editoria de Arte - O Globo

RIO — O sistema financeiro foi o alvo comum a todos os candidatos no primeiro confronto da campanha presidencial. De Guilherme Boulos (PSOL) a Henrique Meirelles (MDB), ex-presidente do Bank Boston, todos atacaram as altas taxas de juros e os altos lucros. Geraldo Alckmin falou no fim da "bolsa banqueiro". Ciro Gomes prometeu ajuda aos 63 milhões de devedores, acenando com redução de multas e refinanciamentos. No debate realizado pela TV Bandeirantes, sobraram ataques ao mercado financeiro, mas faltou clareza para oferecer ao eleitor soluções para seus problemas, como emprego, saúde, educação e segurança.

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Na estreia da campanha, os candidatos apelaram para números, estatísticas e siglas desconhecidas da maioria da população. Alckmin, por exemplo, propôs a criação de um "IVA" (Imposto de Valor Agregado) como se falasse de futebol. Os candidatos usaram expressões incompreensíveis para a maioria. Marina falou em "situações estruturantes"; Ciro disse que Previdência é "irreformável"; Boulos defendeu reforma tributária "progressiva". Cabo Daciolo e Bolsonaro atacaram o "Foro de São Paulo", sem qualquer explicação.

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O primeiro encontro serviu como teste. Alvaro Dias apostou na "parceria" com a Lava-Jato e anunciou Sérgio Moro no Ministério da Justiça. Meirelles tentou mostrar que é experiente, capaz de servir a governos diferentes. Marina tentou tirar proveito do isolamento (só tem o PV como aliado), atacando as coligações com partidos envolvidos em corrupção - "quem criou o problema não vai resolver", repetiu como bordão. Bolsonaro se mostrou sereno a maior parte do tempo, surpreendendo. Boulos foi o mais provocativo e foi dele a frase mais espirituosa da noite: "Aqui há 50 tons de Temer". Alckmin, apoiado por nove partidos, quis passar a imagem de reformista.

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Depois de 30 anos da redemocratização do país, chama atenção a presença de dois militares entre os candidatos. Cabo Daciolo, um ex-bombeiro, estreou falando em Jesus. E o ex-capitão Bolsonaro, líder nas pesquisas, um político profissional que investe no discurso da antipolítica e do confronto. Como destacou Ciro, "a democracia tem custos. Às vezes altos".