Política

PF e Exército seguem nesta terça-feira para Terra Indígena Yanomami após ataque de garimpeiros

Entidade diz que ao menos três invasores foram mortos no confronto e um índio foi ferido de raspão
Indígenas yanomamis que moram na comunidade Palimiú, no noroeste de Roraima Foto: Reprodução
Indígenas yanomamis que moram na comunidade Palimiú, no noroeste de Roraima Foto: Reprodução

RIO -  Agentes da Polícia Federal e militares do Exército seguiram nesta terça-feira para a comunidade de Palimiú, no interior da Terra Indígena Yanomami, após conflito armado entre garimpeiros e indígenas . A informação foi confirmada por fontes ouvidas pelo GLOBO. O confronto deixou três invasores mortos e seis feridos, entre eles um indígena atingido na cabeça de raspão, de acordo com o presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye´kuanna, Júnior Hekurari Yanomami. A PF abriu investigação para apurar o caso, mas não confirma as mortes até o momento.

Dois aviões Cesnna Caravan fretados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) levarão militares do Exército e investigadores da PF, num total de 15 agentes, seguiram para o local no início da tarde.

Áudios: Garimpeiros citam ataque de 'facção' contra yanomamis e falam em ao menos oito índios mortos

O GLOBO apurou junto à PF que um garimpeiro foi apreendido pelos indígenas e levado pela Funai para a Superintendência da Polícia Federal ainda no dia de ontem para ser ouvido e em seguida foi liberado. O garimpeiro afirmou que estava subindo o rio Uraricoera com destino ao garimpo quando foi abordado por indígenas, e em seguida, outra embarcação apareceu com não índios e começou a atirar.  Funcionários da Funai recolheram cápsulas  de munição, dentre elas, calibre .20 mm, 380mm e 9 mm, supostamente utilizados no conflito.

AO GLOBO,  Hekurari afirmou que esteve ontem no local do conflito por volta das 15h15 e confirmou junto com outros indígenas que três garimpeiros foram mortos e outros cinco foram feridos a tiros e flechadas.

— Eles chegaram a entrar na comunidade, eles foram para lá para fazer um massacre. Em 15 dias, é a terceira vez que acontece o conflito na comunidade Paliniú. Precisamos de segurança urgente para as crianças e mulheres. Ele estão armados com armamento de militar, com fuzil, metralhadora.

Segundo ele, foram apreendidos pelos yanomamis que fazem a barreira de controle na comunidade dois quadriciclos, 5 mil litros de combustível e avoadeiras dos criminosos.

— Não descartamos um ataque a qualquer momento por  vingança. E todos os materiais deles estão apreendidos na barreira Yanomami - Hekurari.

Vídeo: Yanomami são atacados por garimpeiros em Roraima

 

O confronto se deu quando, por volta das 11h30 desta segunda-feira, sete embarcações de garimpeiros atracaram na comunidade e deram início ao ataque contra os índios. O GLOBO apurou que foi solicitada a retirada da equipe de saúde da Terra Indígena "para resguardar a integridade física dos servidores".

"Dada a gravidade dos fatos e o perigo iminente de novos conflitos, não será possível que a Funai diligencie até a comunidade para colher maiores informações sem que haja escolta das forças de segurança pública", diz comunicado assinado pela coordenadora da Frente de Proteção Etnoambietal Yanomami da Funai, Elayne Rodrigues Maciel.

Mapa de localização da comunidade indígena yanomami Foto: Arte/O GLOBO
Mapa de localização da comunidade indígena yanomami Foto: Arte/O GLOBO

Procurada, a Funai afirmou em nota que acompanha o caso junto às forças policiais e aguarda mais informações. A comunidade de Palimiú fica a a Noroeste de Roraima, cerca de 260 quilômetros da capital Boa Vista.

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A Hutukara Associação Yanomami já havia enviado um ofício no último dia 30 de abril para os órgãos federais  sobre a ocorrência de tiroteios entre indígenas e garimpeiros no Palimiú, na subida do rio em direção à base de Korekorema, no rio Uraricoera. Cinco garimpeiros foram expulsos pelos índios após o tiroteio. Mas, conforme o GLOBO apurou, a entidade não obteve retorno.