Saúde Coronavírus

Nova variante do coronavírus é identificada no Rio de Janeiro

Cepa foi batizada de P.1.2, por ser mutação da linhagem P1, segundo a Secretaria de Saúde do estado; até o momento não se sabe se ela é mais transmissível ou letal
Imagem ilustrativa de micrografia eletrônica de varredura colorida de uma célula infectada com partículas do vírus SARS-COV-2 (rosa), também conhecido como novo coronavírus. Imagem capturada e aprimorada com cores no NIAID Integrated Research Facility (IRF) Foto: NIAID / via REUTERS
Imagem ilustrativa de micrografia eletrônica de varredura colorida de uma célula infectada com partículas do vírus SARS-COV-2 (rosa), também conhecido como novo coronavírus. Imagem capturada e aprimorada com cores no NIAID Integrated Research Facility (IRF) Foto: NIAID / via REUTERS

RIO — A  Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro identificou uma nova variante do coronavírus em circulação. Ela foi batizada de P.1.2, por ser mutação ocorrida na linhagem P1, descoberta em Manaus e que permanece prevalente no estado do Rio de Janeiro.

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Ainda não se sabe se a nova variante pode ser mais transmissível ou mais letal. Ela apresenta sete novas mutações em comparação com a P.1, sendo uma delas, a A262S, na proteína S, a parte do vírus que é alvo de anticorpos e da maioria das vacinas contra a Covid-19.

— Além das mutações que já existiam na P.1, tivemos uma a mais na proteína S, e outras mutações em outras proteínas que também podem ser importantes. Ainda não podemos dizer que a variante P.1.2 é mais isso ou aquilo. Já estamos fazendo estudos para avaliar, no entanto, os resultados demoram um pouco — afirma Ana Tereza Vasconcelos, coordenadora do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).

Foram investigadas nesta etapa do estudo 376 amostras de 57 municípios, selecionadas a partir de genomas enviados ao Laboratório Central Noel Nutels (Lacen/RJ), entre os dias 24 de março e 16 de abril. A P.1.2 foi identificada em 5,85% das amostras.

Já a P.1 aparece em 91,49% delas. Também foram identificadas, porém em menores proporções, as linhagens B.1.1.7 (2,13%) e P.2 (0,53%).

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Segundo a secretaria, a nova variante foi encontrada principalmente na Região Norte do estado, mas também em amostras nas regiões Metropolitana, Centro e Baixada Litorânea.

— Já tínhamos sequenciado semanas atrás oito desses genomas com a P.1.2 na Região Norte Fluminense, em Conceição de Macabu. Fizemos mais sequências esta semana e percebemos que ela tinha se dispersado para outras cidades e saindo da Região Norte e indo para Região Metropolitana também e outros locais. Agora estamos fazendo mais (sequenciamentos genéticos). Ela (P.1.2) pode continuar aparecendo ou até sumir. Por isso, precisamos fazer o monitoramento genético, sequenciando — afirma Vasconcelos.

Segundo a nota técnica da Rede Corona Ômica RJ — composta por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de laboratórios de diferentes instituições do estado do Rio de Janeiro — dos 22 novos genomas pertencentes à linhagem P.1.2 analisados "nove foram identificados no município de Conceição de Macabu, três em São Francisco do Itabapoana, dois em Santa Maria Madalena e um genoma em cada um dos municípios de Areal, Bom Jardim, Macaé, Macuco, Quissamã, Rio das Ostras, Rio de Janeiro e Trajano de Moraes".

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"A partir deste resultado, o monitoramento segue aprofundando os efeitos que poderão ser apresentados, ou seja, o comportamento epidemiológico da variante. Até o momento, não se pode avaliar se é mais transmissível e/ou letal", explica, em nota, a subsecretária de Vigilância em Saúde da S.E.S. e idealizadora da pesquisa, Cláudia Mello.

A pesquisa integra uma iniciativa de sequenciamento do coronavírus que prevê análise de cerca de 4.800 amostras em seis meses, com aproximadamente 400 a cada 15 dias.

A ação é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e conta com a parceria do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, do Lacen, da Fiocruz e da Secretaria Municipal de Saúde do Rio.

"O sequenciamento é muito importante para verificar a incidência das novas cepas na população fluminense, e desta forma, antecipar possíveis cenários, a fim de minimizar os efeitos da pandemia em nosso estado", afirmou o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, também em nota.

Queda da P.2 e prevalência da P.1

Vasconcelos chama a atenção para a queda da variante P.2 nas amostras analisadas pelos pesquisadores. A nova cepa encontrada no final do ano passado no Rio de Janeiro, predominava até fevereiro e nesta última análise foi identificada em apenas 0,53% dos genomas analisados. Em contrapartida, a P.1 dominou as amostras e foi encontrada em 91,49% delas.

A cientista reforçou que neste momento é importante continuar colocando em prática as medidas de prevenção contra o coronavírus, como evitar aglomerações, usar máscara e fazer uma boa e frequente higiene das mãos.