Política

Renan planeja contratar agência para checar depoimentos na CPI da Covid em tempo real

Relator afirmou que depoimento de Eduardo Pazuello foi "cheio de contradições e mentiras"
O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

BRASÍLIA — O relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou em entrevista coletiva que vai sugerir a contratação de uma agência especializada em checagem de fatos. O senador reclamou, repetidas vezes, que o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi "cheio de contradições e mentiras".

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Calheiros disse que Pazuello e o ex-secretário de Comunicação Social do governo federal Fábio Wajngarten mentiram e defendeu a contratação de uma agência checadora para analisar as declarações dos depoentes enquanto eles ainda prestam esclarecimentos.

— É fundamental que ele colabore, preste essas informações. Mas ele chegou ao cúmulo de negar declarações públicas dele mesmo e do presidente da República. Tanto que vou sugerir ao presidente da comissão e ao vice-presidente a contratação de uma agência checadora da verdade para que a comissão parlamentar de inquérito, pela primeira vez, possa acompanhar online e checar essas mentiras que reiteradamente estão sendo ditas — disse Calheiros em entrevista coletiva.

No depoimento à CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde deu versões diferentes às relatadas por outros depoentes sobre algumas ações do governo federal no enfrentamento à pandemia. Diferentemente de Carlos Murillo, executivo da Pfizer, e do ex-secretário de Comunicação Social do governo federal Fábio Wajngarten, Pazuello disse que houve resposta sim às ofertas de vacina feitas no ano passado pela empresa farmacêutica.

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Calheiros e o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disseram que será necessário fazer acareações para averiguar versões diferentes dadas pelos depoentes. Pazuello e o executivo da Pfizer Carlo Murillo, por exemplo, divergiram sobre a proposta de oferta de vacinas pela empresa ao governo brasileiro. Na semana passada, Murillo disse que as ofertas não foram respondidas. Nesta quarta, Pazuello disse que foram sim.

— Na medida em que depoimentos forem juntados à investigação, com contradições óbvias, vamos ter que na sequência fazer acareações sim. Isso é uma recomendação do processo investigativo — disse Calheiros.

— As contradições são tantas, são tantas que vamos ter que acabar de concluir que não será suficiente uma acareação. Talvez mais de uma. Há contradições entre o que ele fala e as informações que temos sobre o Butantan e a Coronavac — afirmou Rodrigues.

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Nesta quarta-feira, perguntado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), por que não respondeu as propostas da Pfizer no ano passado, Pazuello afirmou primeiramente que as condições oferecidas eram piores do que as de outras empresas. Depois, diante da insistência de Calheiros, Pazuello disse que respondeu sim a Pfizer.

— Respondemos inúmeras vezes. De agosto a dezembro. Eu tenho todas a comunicações da Pfizer.

— O presidente da Pfizer disse que não houve resposta. Ele mentiu? — questionou Calheiros.