RIO — Entre 2018 e 2020, a área dentro de terras indígenas, parques e estações ecológicas com registros irregulares no Cadastro Ambiental Rural (CAR) aumentou 56%, segundo levantamento inédito do Instituto Socioambiental (ISA). O número, que reflete a extensão do problema da grilagem na Amazônia, inclui referência a terras nas quais criminosos desmatam até 50 hectares de floresta e vendem a terceiros — estes, desavisados de que o território é protegido por lei.
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Criado pelo Código Florestal, em 2012, o CAR é um mecanismo autodeclaratório, em que os proprietários rurais registram a extensão e localização de suas terras. A análise do cadastro deve ser feita por órgãos ambientais estaduais. O trabalho, no entanto, é retardado por problemas como cortes orçamentários. Os grileiros, cientes das limitações da fiscalização governamental, usam o protocolo do CAR como se fosse um documento de regularidade da propriedade.
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Como a área de pasto é mais valorizada do que a floresta em pé, os invasores devastam a vegetação nativa. Nas localidades de cadastros irregulares, o desmatamento aumentou 63% nos últimos dois anos.
Apenas 3% dos cadastros realizados pelos governos estaduais já foram analisados, segundo o Serviço Florestal Brasileiro, órgão do Ministério da Agricultura que disponibiliza apoio técnico e recursos para agilizar o trabalho das unidades federativas.
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Trabalhos de fiscalização sobrecarregam agora gestores de terras protegidas, como no caso do gestor de uma unidade de conservação em Rondônia, com quem a reportagem conversou. O servidor começava a percorrer um trajeto acidentado de 100 km, uma viagem de 20 horas, atrás de grileiros que operavam na região.