Por G1 PE


PMs agridem vereadora do Recife com spray de pimenta em protesto contra Bolsonaro

PMs agridem vereadora do Recife com spray de pimenta em protesto contra Bolsonaro

A vereadora do Recife Liana Cirne (PT) foi agredida com spray de pimenta por policiais militares, durante um protesto contra Jair Bolsonaro (sem partido), no Centro do Recife (veja vídeo acima). Durante o ato, a polícia atirou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, neste sábado (29). Dois homens foram atingidos nos olhos e perderam parte da visão.

A agressão foi filmada e publicada nas redes sociais. No vídeo, a vereadora aparece apontando a carteira de identificação como vereadora para os policiais. Ao fundo, é possível ouvir muitos tiros disparados pela polícia, que utilizou spray de pimenta para dispersar as pessoas próximas às viaturas.

A gravação mostra os policiais entrando na viatura e a vereadora, na pista e próximo à janela do veículo, tentando conversar com eles. Nesse momento, ela é atingida por um jato de spray de pimenta no rosto e cai no chão, tossindo. O comandante da operação policial e os PMs envolvidos na agressão foram afastados pelo governador Paulo Câmara (PSB).

Vereadora Liana Cirne (PT) foi atingida por spray de pimenta atirado pela PM durante protesto contra Bolsonaro no Recife — Foto: Reprodução/Redes sociais

Liana Cirne foi carregada nos braços e, depois, socorrida para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) dos Torrões, na Zona Oeste do Recife, mas teve alta durante a tarde. O G1 tentou conversar com Liana Cirne, por telefone, para obter detalhes do caso, mas ela estava com dificuldades para falar, devido à inalação do spray de pimenta.

"Não me arrependo por um segundo do que fiz. Estou sendo criticada por ser impetuosa. Mas se tenho uma carteira de couro com um brasão da Câmara Municipal, é para isso que ele foi feito! O único carteiraço que vale a pena dar na vida! Fiz e faria de novo!", publicou a vereadora, no Twitter.

Por meio de nota, a assessoria de comunicação de Liana Cirne afirmou que a vereadora "se identificou, manteve a calma e tentou dialogar sobre o caráter pacífico da manifestação e sobre a ilicitude daquela ação policial, agindo para impedir novas agressões" quando "a polícia, com truculência, a atacou com spray de pimenta diretamente no rosto".

Ainda no texto, declarou que a parlamentar "manifesta sua solidariedade a todas as vítimas da ação policial ilícita e repudia firmemente os atos hoje ocorridos, pedindo a responsabilização não apenas dos policiais diretamente envolvidos, mas daqueles que comandaram a ação desastrosa".

Vereadora Liana Cirne foi uma das pessoas agredidas na manifestação

Vereadora Liana Cirne foi uma das pessoas agredidas na manifestação

Após ter alta, a vereadora foi à Central de Plantões da Capital, localizada no bairro de Campo Grande, na Zona Norte do Recife, para prestar queixa contra os policiais militares que a agrediram. No local, ela encontrou a viatura em que estavam os PMs que a agrediram e chamou de ilícitos os atos dos agentes de segurança (veja vídeo acima).

"São e foram covardes, porque não só me agrediram, mas agrediram manifestantes que não estavam fazendo nada. Deram tiros de balas de borracha em pessoas que não estavam fazendo nada, estavam tentando se proteger. Eu não tenho motivo para ter medo. Não tenho medo, não terei medo. Eu tenho indignação, porque isso aqui é patrimônio do povo, isso aqui é pago com dinheiro público. São os nossos impostos que pagam", afirmou.

A Câmara Municipal do Recife, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Pernambuco, o PSOL e o senador Humberto Costa (PT) divulgaram notas de repúdio e pediram apuração rigorosa dos fatos ao governo estadual. A vice-governadora Luciana Santos (PC do B) afirmou que a ação truculenta da PM não foi autorizada pelo estado. O Ministério Público de Pernambuco disse que vai apurar a atuação da PM no ato.

Respostas

O G1 entrou em contato com a Secretaria de Defesa Social e as polícias Militar e Civil, para saber sobre a investigação desse caso. As polícias disseram que "o pronunciamento sobre o protesto e os confrontos já foi feito pelo governador e divulgado pela Secretaria de Imprensa".

Em nota, a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social declarou que "está investigando os fatos, ouvindo testemunhas e policiais, com seriedade, rigor e isenção".

Manifestação era pacífica

Organizado por centrais sindicais e movimentos sociais, o ato realizado no sábado (29), no Recife, era contra Bolsonaro e a favor da aceleração de medidas de prevenção à Covid-19, como a campanha de vacinação e auxílio emergencial de, ao menos, R$ 600. A manifestação fez parte de uma mobilização nacional.

Os manifestantes se reuniram na Praça do Derby, no Centro do Recife. Com faixas em que se lia "estou na rua porque Bolsonaro recusou mais de 150 milhões de vacinas" e "fora Bolsonaro genocida", eles caminharam pela Avenida Conde da Boa Vista, na mesma região da capital, organizados em filas, para tentar respeitar um distanciamento social mínimo e prevenir o contágio pela Covid.

PMs atiram balas de borracha contra manifestantes durante ato contra Bolsonaro no Recife

PMs atiram balas de borracha contra manifestantes durante ato contra Bolsonaro no Recife

Por volta das 11h30, a manifestação chegou à Ponte Duarte Coelho. No local, a Polícia Militar começou a dispersar os manifestantes. Bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha foram atiradas pela PM contra os participantes do ato, ferindo até quem não estava no protesto (veja vídeo acima).

Houve correria e gritaria e, ao menos, três pessoas foram socorridas para o Hospital da Restauração. O cantor Afroito foi arrastado e detido por policiais militares durante o protesto, sendo liberado após pagar fiança de R$ 350.

O advogado Roberto Rocha Leandro, que é presidente da Comissão de Direito Parlamentar da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB), foi agredido com duas balas de borracha na perna e duas nas costas disparadas pelos policiais militares. A manifestação terminou por volta das 13h.

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