Por G1


Turquia promete garantir estabilidade financeira no país

Turquia promete garantir estabilidade financeira no país

O Banco Central da Turquia anunciou nesta segunda-feira (13) uma série de medidas para conter a forte desvalorização da lira turca, em um momento de tensão com os Estados Unidos e de desconfiança dos mercados.

O banco central, que surpreendeu os mercados no mês passado ao deixar a taxa de juros inalterada apesar da inflação de dois dígitos e da queda da lira, flexibilizou os índices de reservas obrigatórias para os bancos, com o objetivo de evitar qualquer problema de liquidez, e informou que proporcionaria ao sistema financeiro quase 10 bilhões de liras (US$ 6 bilhões) e US$ 3 bilhões em liquidez equivalente ao ouro.

Após o anúncio, a lira turca se recuperava nesta segunda-feira de uma desvalorização recorde. A moeda, que bateu a mínima recorde de 7,24 contra o dólar nas negociações asiáticas, reduzia as perdas depois dos comentários de Albayrak e do anúncio do banco central, chegando brevemente para 6,4. Às 7h15 (horário de Brasília), a divisa era negociada a 6,8790 por dólar.

A moeda turca perdeu mais de 40% em relação ao dólar neste ano, em grande parte devido às preocupações com a influência do presidente Tayyip Erdogan sobre a economia, suas repetidas solicitações por taxas de juros mais baixas e o agravamento dos laços com os Estados Unidos.

Na sexta-feira, a lira despencou 18%, atingindo ações dos EUA e da Europa, enquanto os investidores se assustavam com a exposição dos bancos à Turquia.

Analistas defendem que o Banco Central aumente as taxas de juros para defender a lira e controlar a inflação (que em julho alcançou a 16% em ritmo anual). Mas no comunicado desta segunda-feira o BC não menciona as taxas de juros.

"É uma crise dada. Por muitos anos todos disseram que a Turquia era um país fraco devido à sua grande dívida externa e déficit em conta corrente", disse o estrategista-sênior de mercados emergentes do Credit Agricole, Guillaume Tresca. "Não há nada de surpreendente além de o banco central não estar realmente reagindo. Eles lançaram esse novo plano, mas não há um aperto nas condições financeiras, estão completamente atrasados", acrescentou.

O presidente Erdogan considera que o aumento das taxas de juros é "um instrumento de exploração que torna os pobres mais pobres e os ricos mais ricos".

Presidente turco, Tayyip Erdogan. — Foto: Murat Kula/Presidential Palace/ Reuters

Erdogan fala em 'complô'

Erdogan, que atribuiu a um complô a queda vertiginosa da lira turca, acusou nesta segunda-feira os Estados Unidos de quererem esfaquear a Turquia pelas costas.

"De uma parte, vocês estão conosco na Otan e, de outra parte, tentam esfaquear seu aliado estratégico pelas costas. É aceitável algo assim?", questionou Erdogan durante um discurso em Ancara.

A tensão entre os dois aliados na Otan aumentou nos últimos dias, com declarações agressivas, sanções e ameaças de represálias. A situação chegou ao ápice com o aumento das tarifas americanas à importação de aço e alumínio turcos, o que arrastou a lira.

No centro da batalha está o pastor americano Andrew Brunson, julgado na Turquia por "terrorismo" e "espionagem", em prisão domiciliar desde julho, depois de passar um ano e meio em uma penitenciária.

Washington pede a libertação imediata do pastor Brunson, que pode ser condenado a 35 anos de prisão, enquanto Ancara solicita a extradição de Fethullah Gülen, pregador turco exilado há 20 anos nos Estados Unidos e a quem o governo turco atribui o golpe de Estado frustrado de julho de 2016.

Erdogan não demonstrou muita preocupação no domingo com a decisão do presidente americano, Donald Trump, de dobrar as tarifas sobre o aço e o alumínio turcos. Ele prometeu que Ancara buscará "novos mercados, novas associações e novos aliados".

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