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Aval restrito para vacina russa desagrada a governadores do Nordeste

Imagem ilustrativa da Sputnik V, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, na Rússia - Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo
Imagem ilustrativa da Sputnik V, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, na Rússia Imagem: Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo

Felipe Resk e Thaís Barcellos

São Paulo

06/06/2021 09h25

Governadores do Nordeste comemoraram a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de autorizar na noite de sexta-feira a importação da vacina Sputnik V, em caráter excepcional e temporário. Parte das autoridades estaduais, no entanto, criticou o limite imposto pelo órgão de só poder usar o imunizante contra a covid-19 em até 1% da população. Os gestores estiveram reunidos de forma virtual neste sábado para tratar da vacinação.

A Sputnik V, desenvolvida na Rússia, teve a importação solicitada por Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Piauí. Em abril, a Anvisa negou o pedido por faltarem dados de eficácia, segurança e qualidade do imunizante, mas os governos recorreram da decisão.

Em nova análise, na sexta, a diretoria colegiada agência decidiu liberar a vacina, mas com uma série de restrições. Seguindo o voto do relator Alex Machado Campos, da Diretoria 5 da Anvisa, o quantitativo autorizado deve ser de no máximo 1% do público-alvo - o mesmo vale para o imunizante indiano Covaxin. Dessa forma, a Bahia pode importar o maior volume, de 300 mil doses, seguida por Pernambuco (192 mil), Ceará (183 mil), Maranhão (141 mil), Piauí (66 mil) e Sergipe (46 mil).

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), usou o Twitter para comemorar o aval do órgão regulador, mas reclamou do volume de doses autorizado. "É apenas o início, mas depois de muita luta conseguimos aprovação para importar e aplicar a Sputnik V", escreveu. "A quantidade autorizada pela Anvisa está muito abaixo da real necessidade. Agora, é batalhar para fazer chegar logo o que foi aprovado e vacinar nosso povo. Vacina salva vidas."

Presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Wellington Dias (PT) também comentou nas redes sociais a decisão da Anvisa. "Ainda que com uma pequena quantidade de doses liberadas, a aprovação da nossa agência reguladora destaca que a vacina é segura e eficaz", postou.

A reunião da diretoria colegiada da Anvisa, na verdade, não tratou de uso emergencial ou de registro do imunizante no Brasil. Embora a área técnica argumente que há "lacunas" em informações necessárias para esse tipo de autorização, a sugestão acatada foi de estabelecer uma série de condicionantes para "mitigar riscos".

Entre as limitações, a agência estabeleceu que podem receber a vacina apenas adultos, de 18 a 60 anos, sem comorbidade, exceto grávidas, puérperas e mulheres que desejam engravidar nos próximos 12 meses. Caso a Sputnik não seja reprovada por avaliação futura ou haja registro de fato adverso grave, a Anvisa pode suspender imediatamente a avaliação.

Após o aval com restrições, governadores e secretários do Consórcio Nordeste e do Consórcio da Amazônia Legal, com representantes do Norte e Centro-Oeste, se reuniram para tratar da importação.

"Nós temos lutado há muitos meses para que a vacinação avance rapidamente", afirmou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), após a reunião. Segundo afirma, o Estado tem 4,5 milhões de doses compradas do imunizante. "Os governadores conversaram sobre os próximos passos, visando à execução desses contratos."

Governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) afirmou que "acelerar o ritmo da imunização é urgente". "Estamos analisando todos os aspectos relevantes para que a utilização de mais esse imunizante nos ajude a ampliar a vacinação da nossa população com segurança, eficácia e obedecendo todos os protocolos sanitários. Vacinas salvam vidas."

Próximos passos

Já o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), postou que o grupo marcará uma agenda com o Fundo Soberano russo, responsável pela Sputnik, para acompanhar os próximos passos. "Somente com a vacinação em massa conseguiremos superar esse momento difícil de pandemia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.