Congressistas reagem a Fernández, e Kátia Abreu chama argentino de 'Bolsonaro portenho'

Em encontro com premiê da Espanha, presidente da Argentina fez comentários racistas a brasileiros e mexicanos

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Brasília

A fala do presidente argentino, Alberto Fernández, de que os brasileiros vieram da selva, provocou reações entre deputados e senadores nesta quarta-feira (9) em Brasília.

A presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), comparou Fernández com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "Não vou comentar o que vomitou o Bolsonaro portenho. Brasil e Argentina estão padecendo da mesma moléstia. Só loucura e preconceito", publicou em uma rede social. Logo depois, a senadora apagou a publicação.

Tuíte da senadora Kátia Abreu sobre fala do presidente argentino, Alberto Fernández
Tuíte da senadora Kátia Abreu sobre fala do presidente argentino, depois apagado - Reprodução

Durante um encontro com o premiê da Espanha, Pedro Sánchez, em Buenos Aires, o presidente argentino disse que "os mexicanos vieram dos indígenas, os brasileiros, da selva, e nós, chegamos em barcos".

"Eram barcos que vinham da Europa", afirmou, apontando para Sánchez. Depois, referendou: "O meu [sobrenome] Fernández é uma prova disso".

Na Câmara, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que preside a CRE da Casa, afirmou que Fernández estava preocupado em agradar ao primeiro-ministro espanhol e mostrar "subserviência à Europa".

"É lamentável a declaração preconceituosa feita pelo presidente Fernandéz. O tom depreciativo que reproduz uma visão colonialista, atrasada e superada da história merece repúdio", disse.

"Nós, brasileiros, temos muito orgulho e respeito pelas nossas origens da mesma forma que os argentinos devem ter da sua própria diversidade." Aécio afirmou ainda que o presidente argentino não se importa em "tentar depreciar seus vizinhos na América Latina".

A opinião do tucano foi compartilhada pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Para o petista, Fernández agiu como "bajulador". "O primeiro atingido foi ele, que se comportou como bajulador em frente a outro governante. Se colocou na condição de bajulador de governante europeu", disse.

Lá Fora

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Eduardo Gomes (MDB-TO), vice-líder do governo no Senado, endossou as críticas. "Acho que ele se tornou rapidamente herdeiro do tratamento dado a Hugo Chávez na ONU. Por que não te calas?!", disse em referência à fala do hoje rei emérito da Espanha Juan Carlos, em 2007, para Hugo Chávez.

Também em uma rede social, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse que a manifestação de Fenández explica por que nazistas se esconderam no país vizinho.

"Depois de ler na Folha a declaração do presidente argentino de esquerda Fernández sobre os brasileiros terem vindo da selva e argentinos de barco da Europa, passei a entender melhor por que depois da Segunda Guerra Mundial criminosos de guerra nazistas se esconderam na Argentina", escreveu.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, republicou no Twitter o vídeo com a fala de Fernández e provocou: "Não dirão que foi RACISTA contra indígenas e africanos que formaram o Brasil?". E completou com "o barco que está afundando é o da Argentina".

Procurados, Palácio do Planalto e Itamaraty não responderam.

Erramos: o texto foi alterado

O nome do vice-líder do governo no Senado é Eduardo Gomes (MDB-TO), não Eduardo Braga (MDB-AM). O texto foi corrigido.

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