Descrição de chapéu Governo Biden

EUA compram 500 milhões de vacinas contra Covid para doar a outros países

Anúncio deve ser feito durante encontro do G7; 200 milhões seriam entregues ainda neste ano

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São Paulo

Os Estados Unidos estão comprando 500 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus produzidas pela Pfizer para doar a outros países, segundo disseram pessoas próximas à negociação ao jornal The New York Times.

O plano, que deve ser anunciado pelo presidente Joe Biden no encontro do G7 no Reino Unido nesta semana, foi divulgado primeiramente pelo Washington Post. Quando embarcou no avião oficial com destino à Europa nesta quarta-feira (8), Biden disse aos repórteres que faria nos próximos dias o anúncio de uma estratégia global de vacinação.

O presidente Joe Biden embarca no Air Force One em direção ao encontro do G7 - Kevin Lamarque/Reuters

Os EUA devem comprar as doses a preço de custo, de acordo com o New York Times. Os primeiros 200 milhões de vacinas seriam distribuídos ainda neste ano, e 300 milhões até a metade do ano que vem. Segundo a agência de notícias Reuters, esses imunizantes serão direcionados a 92 países de baixa renda e à União Africana por meio do Covax, iniciativa vinculada à OMS para a distribuição de doses a nações em desenvolvimento.

O governo americano e a farmacêutica ainda não comentaram a informação.

O coordenador da resposta da Casa Branca ao coronavírus, Jeffrey Zients, disse em comunicado nesta quarta que Biden usaria o ritmo da vacinação no próprio país para "reunir as democracias do mundo para resolver esta crise globalmente, com os EUA liderando o caminho para criar um arsenal de vacinas que serão fundamentais em nossa luta global contra a Covid-19".

A negociação foi feita durante as últimas quatro semanas por Zients, de acordo com a Reuters.

Uma outra negociação para comprar um número similar de doses da fabricante Moderna também estaria em andamento, segundo uma pessoa próxima ao caso relatou à emissora americana CNBC. A farmacêutica não respondeu ao pedido de comentários feito pela Reuters.

A iniciativa faz parte dos esforços da gestão democrata para responder às cobranças por ajuda robusta ao programa de imunização de países sem acesso à quantidade necessária de doses para suas populações. Apesar de volumosa, a compra está longe dos 11 bilhões de doses que a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima serem necessários para vacinar o mundo.

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Os EUA já tinham prometido compartilhar mais de 20 milhões de doses de vacina até o fim de junho. O número se somou aos primeiros 60 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca que a Casa Branca já havia se comprometido a distribuir, totalizando 80 milhões de vacinas a serem enviadas pelos americanos ao exterior.

Na semana passada, o governo detalhou parte do plano e disse que vai enviar, inicialmente, 6 milhões de doses para o Brasil e para outros países da América Latina. O compartilhamento será feito via Covax, e ainda não há detalhes oficiais sobre o número de imunizantes que o Brasil vai receber.

Como as vacinas doadas exigem duas doses, o total que chegará neste primeiro momento à América Latina e ao Caribe será suficiente para imunizar 3 milhões de pessoas —a região tem mais de 438 milhões de habitantes.

Apesar da situação grave da pandemia no Brasil, o país não entrou na lista dos que vão receber imunizantes por distribuição direta bilateral, caso da Índia e do México.

Assim como ocorreu com o acesso a respiradores e máscaras ao longo da pandemia, há uma desigualdade na distribuição das vacinas. Os países que tinham mais recursos e poder na geopolítica global chegaram primeiro e reservaram para si a maior parte dos imunizantes disponíveis. As primeiras compras foram feitas pelos EUA e pelo Reino Unido em maio de 2020, quando as vacinas ainda estavam em desenvolvimento.

Os Estados Unidos, por exemplo, têm quantidade suficiente para vacinar três vezes sua população, e o Canadá comprou dez doses por habitante. Enquanto isso, países como Serra Leoa, Mali e Camarões não imunizaram nem 1% de seus moradores.

O cenário é o que o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, definiu, em maio, como "apartheid das vacinas". Adhanom, que também classificou a situação como um "fracasso moral catastrófico", fez um apelo para que os países doem parte de seus excedentes ao Covax. O anúncio dos EUA veio algumas semanas após a declaração do diretor-geral.

Hoje, mais de 2,2 bilhões de doses já foram aplicadas no mundo, segundo dados da Universidade Johns Hopkins (EUA). Até esta terça (8), 808,9 milhões dessas doses haviam sido aplicadas pela China, líder no número total, seguida por EUA, que já administrou 303,9 milhões, Índia, com 233,7 milhões, e Brasil, com 74,5 milhões, de acordo com o Our World in Data.

Em relação à população, dados do New York Times mostram no topo de doses aplicadas por 100 habitantes os Emirados Árabes Unidos (137), Israel (117) e Bahrein (113) —enquanto os EUA apresentam índice de 92, e o Brasil, 35.

Com The New York Times e Reuters

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