Por Henrique Coelho, G1 Rio


Delegacia de Homicídios do Rio investiga se PMs mataram grávida durante confronto com traficantes

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Foi um tiro de fuzil no tórax que tirou a vida da designer de interiores Kathlen Romeu, de 24 anos, na tarde da terça-feira (8), no Complexo do Lins, no Rio de Janeiro. É isso que afirma o laudo do Instituto Médico Legal, ao qual o G1 teve acesso, sobre a causa da morte da jovem que estava grávida de 14 semanas.

O documento afirma ainda que o projétil de arma de fogo foi transfixante – ou seja não ficou alojado no corpo -, e causou hemorragia interna, o que determinou a morte.

O corpo de Kathlen foi liberado na manhã desta quarta-feira (9), e foi enterrado, às 16h, no Cemitério do Catumbi, na Região Central do Rio.

Kathlen Romeu, de 24 anos: tiro de fuzil tirou a sua vida e do bebê que esperava — Foto: Reprodução/Redes sociais

Investigação

A Polícia Civil informou que já começou a investigação sobre a ação que resultou na morte da designer de interiores. Cinco dos 12 policiais militares que participaram da ação já foram ouvidos no inquérito aberto na Delegacia de Homicídios da Capital, e os seguintes armamentos foram apreendidos para análise.

VÍDEO: Quem era Kathlen Romeu, a grávida morta por bala perdida no Rio

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A lista das armas dos policiais militares é a seguinte:

  • 10 fuzis do tipo 7.62;
  • 02 fuzis do tipo 5.56;
  • 09 pistolas .40.

Em entrevista ao Bom Dia Rio desta quarta-feira (9), o porta-voz da Polícia Militar do RJ, major Ivan Blaz, afirmou que policiais “lutaram até o fim pela vida da Kathlen” e negou que a corporação estivesse em uma operação. Segundo ele, agentes foram atacados.

“Eles levaram a jovem para o hospital, tentando estancar o sangramento. O ferimento foi no braço e transfixou o tórax.Não foi uma operação, mais uma vez, estamos lidando com um ataque gratuito de criminosos que atuam nessa comunidade, a mesma facção que atua na providência, que atua no Jacarezinho, que atua nos Prazeres, e que tem por natureza, tem por ideologia, o ataque gratuito contra as forças policiais. Ela estava no mesmo sentido que os disparos que estavam vindo contra os policiais”, disse o major.

Escudo humano

O porta-voz afirmou ainda que os criminosos do Lins, na Zona Norte, se utilizam de moradores da região como escudo. Segundo Blaz, a quadrilha não hesita em ferir pedestres em embates contra a polícia.

“Estes mesmos criminosos do Lins, há dois anos, mataram uma mulher num ponto de ônibus na Grajaú-Jacarepaguá quando queriam atirar contra os policiais que ficam na cabine às margens da pista”, lembrou.

Mas a mãe de Kathlen tem uma versão diferente para a morte da filha.

'Foi a polícia que matou minha filha'

“Avisa ao major Blaz, que essa historinha que é contada há anos na televisão que é troca de tiros, que a polícia foi recebida a tiros, quem foi recebida a tiros foi minha filha. Fui informada por todos que não foi troca de tiros, a polícia estava dentro de uma casa, viu os bandidos e atirou. Se a polícia estava dentro de uma casa, por que ela não olhou para rua, para ver quem estava passando? Porque se eles estavam de tocaia, eles têm que ter cuidado, na favela, não só mora bandido. Se minha filha fosse morta por bandido, eu não falaria nada porque eu moro em um lugar que eu não poderia falar. Mas não foi. Foi a polícia que matou a minha filha. Foi a PM que tirou a minha vida, o meu sonho”, disse.”, disse Jacklline Lopes.

Depois em momento de desabafo sobre a dor da perda da filha e do neto, ela disse:

“É inconcebível, é inacreditável, é inadmissível. É uma brutalidade, é cruel. Eu estou dilacerada. Eu estou dilacerada. A minha única filha que eu gerei com amor, que eu cuidei, ela foi executada covardemente pelo estado. Não existe mãe sem filho, existe filho sem mãe, mas não existe mãe sem filho. Ainda que eu viva, eu só vou ser um corpo ambulante”, disse a mãe de Kathlen.

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