Saúde Vacina

EUA estendem validade da vacina da Johnson contra a Covid-19

Brasil vai receber 3 milhões de doses do imunizante, que devem chegar com validade até 27 de junho, e terá de dez a 14 dias para aplicar doses. Decisão de órgão americano precisa ser avaliada pela Anvisa
Vacina da Janssen contra Covid-19 armazenadas em hospital americano Foto: SHANNON STAPLETON / Reuters
Vacina da Janssen contra Covid-19 armazenadas em hospital americano Foto: SHANNON STAPLETON / Reuters

RIO - O laboratório Johnson & Johnson (J&J) anunciou nesta quinta-feira que a Food and Drug Administration (FDA) autorizou uma extensão da vida útil da sua vacina contra a Covid-19 de três para quatro meses e meio. A notícia chega quando milhões de vacinas de dose única, armazenadas em geladeiras, correm o risco de expirar e serem descartadas.

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O Brasil, por exemplo, vai receber 3 milhões de doses da vacina da Johnson, que devem chegar com validade até 27 de junho. O país terá de 10 a 14 dias para receber, distribuir e aplicar todas as doses. Por aqui, a mudança da validade ainda precisa ser aprovada pela Anvisa.

"A decisão da FDA é baseada em dados dos estudos de avaliação de estabilidade que estão sendo realizados", disse a empresa em comunicado.

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De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, 21 milhões de doses da vacina foram distribuídas no país, mas apenas 11 milhões foram administradas. O governador de Ohio, Mike DeWine, alertou esta semana que 200 mil doses em seu estado irão expirar em 23 de junho.

— A vacina da J&J pode ficar, em ambiente refrigerado, por um longo tempo, mas como parte da emergência da pandemia, não fomos capazes de perder tempo para ver quanto tempo ela poderia durar. Esses estudos estão em andamento — afirmou Mark McClellan, ex-comissário do FDA e atual membro do conselho da Johnson & Johnson, à rede de TV CNN, dos EUA.

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Embora não seja tão eficaz na prevenção da Covid sintomática quanto as vacinas de RNA mensageiro desenvolvidas pela Pfizer e pela Moderna, o imunizador da Johnson, com base na tecnologia do vetor de adenovírus, demonstrou ser 85% eficaz na prevenção de formas graves da doença em um estudo. Esse número subiu para 100% 28 dias após a injeção.

O fato da vacina exigir apenas uma dose foi um ponto-chave de venda para atingir populações difíceis de alcançar. No entanto, a aceitação caiu drasticamente depois que as autoridades dos EUA suspenderam o medicamento por 10 dias em abril  após eventos raros de coágulos.

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Os Estados Unidos agora têm um estoque significativo de sobras de doses, destacando a crescente disparidade de vacinas entre as nações ricas e pobres.

O presidente Joe Biden, buscando reconquistar a liderança global na pandemia, anunciou nesta quarta-feira que os Estados Unidos vão comprar e doar 500 milhões de doses da vacina da Pfizer para o resto do mundo.

As vacinas serão entregues a 92 países de renda baixa e 'médio-baixa' pela aliança Covax da OMS. O Brasil integra o consórcio, mas não será beneficiado por ser considerado capaz de comprar as próprias vacinas.