Por G1 Vale do Paraíba e Região


Dois dias depois, Bolsonaro diz que lamenta as 500 mil mortes por Covid

Dois dias depois, Bolsonaro diz que lamenta as 500 mil mortes por Covid

O presidente Jair Bolsonaro falou nesta segunda-feira (21) sobre a marca de 500 mil mortos por Covid-19 no Brasil, alcançada no último sábado. Foi em viagem a Guaratinguetá, no interior de São Paulo, durante conversa com jornalistas que o questionaram se gostaria de dizer alguma palavra sobre as mortes.

Bolsonaro disse que lamenta todos os óbitos e em seguida voltou a defender medicamentos ineficazes contra a Covid.

Na mesma entrevista, o presidente destratou a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Globo. Laurene perguntou por que ele tinha chegado à cidade sem máscara mesmo tendo sido multado recentemente em São Paulo por não usar a proteção.

Bolsonaro disse: "Eu chego como eu quiser, onde quiser, eu cuido da minha vida". Em seguida, tirou novamente a máscara. A repórter tentou explicar que o uso da máscara é exigência da lei. Mas, descontrolado, o presidente mandou a repórter calar a boca e insultou a Globo com palavrões.

A Globo e a TV Vanguarda repudiam o tratamento dado pelo presidente a repórter Laurene Santos que cumpria apenas o seu dever profissional. Não será com gritos nem intolerância que o presidente impedirá ou inibirá o trabalho da imprensa no Brasil. Esta, ao contrário dele, seguirá cumprindo o seu papel com serenidade. À Laurene Santos, a irrestrita solidariedade da Globo e da TV Vanguard

Em uma nota muito dura, a Associação Brasileira de Imprensa disse que Jair Bolsonaro não tem condição de governar o Brasil. Segundo a entidade, "com seu destempero", Bolsonaro sentiu o impacto das manifestações contra ele realizadas em todo o país no último sábado. O texto afirma ainda que o presidente nunca apreciou "uma imprensa livre e crítica". Diz também que, "diante da rejeição crescente a seu governo, Bolsonaro prepara uma saída autoritária e, mesmo a um ano e meio da eleição, tenta desacreditar o sistema eleitoral. Seu objetivo é acumular forças para a não aceitação de um revés em outubro de 2022". A associação diz que "é preciso que os democratas estejam alertas e mobilizados". A entidade propõe o impeachment de Bolsonaro ou sugere que ele renuncie.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) afirma que o presidente "demonstrou mais uma vez seu desrespeito à liberdade de imprensa, pela saúde pública, pela democracia e até pelo mesmo pelas normas mais básicas de civilidade e etiqueta --um comportamento incompatível com o cargo máximo da República do Brasil". Levantamento da entidade aponta que Bolsonaro fez 46 discursos contra a imprensa em 2021.

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