Política

Wajngarten diz que atuação na Secom foi ‘técnica e profissional’

Caixa diz que não divulga valores para não prejudicar estratégia de mercado. Emissoras negam privilégio e reafirmam isenção
O ex-secretário especial de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/27-04-2020
O ex-secretário especial de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/27-04-2020

BRASÍLIA — Questionado sobre o teor das mensagens trocadas com Allan dos Santos , Fabio Wajngarten disse, por e-mail, que sua gestão foi “técnica e profissional”. Ele foi questionado sobre se era comum a sua atuação para liberar verbas atrasadas de estatais para veículos considerados “aliados”. Sem mencionar o assunto, Wajngarten respondeu que “se alguma repartição resolveu não pagar por qualquer serviço prestado, cabe ao bom gestor resolver a falta de pagamento”.

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Mensagens de WhatsApp colhidas pela Polícia Federal ao longo do inquérito dos atos antidemocráticos revelam que Wajngarten, então chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo Bolsonaro, defendeu a liberação de verba publicitária da Caixa Econômica Federal para veículos de comunicação classificados por ele como “mídia aliada”.

“Minha gestão sempre foi técnica e profissional. Cabe à Secom atender a todos os veículos de maneira equânime. Se alguma repartição resolveu não pagar por qualquer serviço prestado, cabe ao bom gestor resolver a falta de pagamento. A redução de verbas condiz com uma política de mídia técnica. Vale esclarecer ainda que não faço parte desse inquérito”, disse o ex-secretário.

Em nota, a Caixa diz que sua publicidade é feita por agências contratadas por licitação e que divulga as despesas com propaganda na internet. No endereço, no entanto, não é possível saber qual o total de verbas destinadas a cada veículo. Em pedidos abertos via Lei de Acesso a Informação, a Caixa alega que a divulgação poderia prejudicar sua estratégia mercadológica.

Em nota, a Rede TV! informou que não fornece dados dos seus contratos comerciais. “O único relacionamento com o senhor Fabio Wajngarten era como chefe da Secom, nos processos diários”, disse em comunicado. “O jornalismo da emissora é reconhecidamente imparcial, plural e independente” e afirmou que o seu share de participação é “muito inferior do que seria o justo pela mídia técnica”. “Nesse sentido, o faturamento da RedeTV! é extremamente menor do que, por exemplo, o da TV Globo”, informou.

A CNN Brasil, também por meio de nota, disse que “não tem nenhuma relação com o Sr. Fábio Wajngarten” e que “desconhece qualquer contato que o Sr. Fábio Wajngarten possa ter feito com a emissora fora de suas atribuições enquanto era Secretário de Governo”. A emissora também informou que Douglas Tavolaro não faz parte dos quadros da CNN Brasil desde março.

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Em nota, o Grupo Bandeirantes afirma que é “reconhecido pela qualidade e imparcialidade de seu jornalismo” e que as suas “relações com chefes do Secom são institucionais como as de qualquer grupo jornalístico —inclusive O Globo”. “Entra governo e sai governo, somos acusados ora de ser de oposição, ora de ser de situação. Nada mais natural para uma emissora que pratica um jornalismo sempre — e apenas — ao lado do cidadão”.

Record e SBT não responderam. A reportagem procurou os advogados de Allan dos Santos, mas eles não atenderam às chamadas e mensagens de texto. O blogueiro também não retornou às tentativas de contato. A reportagem enviou questionamento à Secom, Ministério das Comunicações e ao Palácio do Planalto, mas não houve resposta. Procurado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro também não respondeu às ligações e às mensagens de texto enviadas.