Política

Covaxin: Bolsonaro nega corrupção e diz que não tem como saber o que acontece nos ministérios

Vacina foi a mais cara entre as compradas pelo governo. Presidente voltou a criticar medidas restritivas contra a Covid-19
Presidente Jair Bolsonaro Foto: PABLO JACOB / Agência O Globo
Presidente Jair Bolsonaro Foto: PABLO JACOB / Agência O Globo

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro declarou na manhã desta segunda-feira que não tem como saber o que ocorre dentro dos ministérios, numa alusão às suspeitas de irregularidades na negociação da vacina Covaxin. A compra se tornou um dos maiores alvos da CPI da Covid após o depoimento, na última sexta-feira, do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo.

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O presidente negou irregularidades e a existência de corrupção nas negociações pelo imunizante, o mais caro a ser adquirido pelo governo: US$ 15 por dose. O valor foi empenhado, isto é, reservado, pelo Ministério da Saúde, mas não chegou a ser pago. Também disse que foi o parlamentar quem lhe apresentou o caso, confirmando a visita de Miranda, e realiza reuniões com “tudo quanto é tipo de gente”.

—  Eu nem sabia como é que estava a tratativa da Covaxin, porque são 22 ministérios. Só o ministério do Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) tem mais de 20 mil obras. (O Ministério da Infraestrutura), do Tarcísio (de Freitas) não sei, deve ter algumas dezenas, centenas de obras. Eu não tenho como saber. O da Damares (Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), o da Justiça, o da Educação. Não tenho como saber o que acontece nos ministérios, vou na confiança em cima de ministro, e nada fizemos de errado.

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O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), entrou na mira da comissão após o deputado Luis Miranda afirmar, em depoimento, que Bolsonaro citou o parlamentar como o responsável pelo suposto esquema de corrupção.

Perguntado por uma apoiadora sobre o fim do prazo para o Ministério da Defesa justificar o sigilo no processo aberto pelo Exército contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, Bolsonaro se recusou a falar.

— Não vou responder isso aí. Deixa a Defesa responder.

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A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu cinco dias — prazo se esgota nesta segunda — para a pasta explicar o sigilo do caso, revelado pelo GLOBO. Atual secretário de Estudos Estratégicos, o general da ativa não foi punido pelo Alto Comando após participar de uma “motociata”, evento político ao lado presidente, no Rio de Janeiro.

O presidente também se negou a revelar o partido ao qual se filiará para concorrer às próximas eleições. O mais cotado é o Patriotas.

— O ideal é se você não precisasse de um partido para disputar eleição. Agora, os partidos... todos têm seus problemas.

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A apoiadores, Bolsonaro voltou a rechaçar medidas de combate à pandemia, como o isolamento social:

— Eu não fechei um botequim sequer. Sempre falei que economia e saúde ou o vírus e o desemprego eram duas preocupações. Eu não decretei toque de recolher, lockdown.