Política Venezuela

Governo divulga medidas para combater violência contra venezuelanos em Roraima

Após reunião com ministros, Temer anúnciou pacote de ações, incluindo reforço de homens da Força Nacional
Venezuelanos cruzam a fronteira de volta para seu país de origem após sofrerem agressões na cidade Pacaraima, Roraima Foto: Isac Dantes / AFP
Venezuelanos cruzam a fronteira de volta para seu país de origem após sofrerem agressões na cidade Pacaraima, Roraima Foto: Isac Dantes / AFP

BRASÍLIA — O Exército informou neste domingo que 1.200 venezuelanos deixaram o município de Pacaraima , no Norte de Roraima, localizado na fronteira com a Venezuela, depois que cerca de 700 imigrantes foram atacados por brasileiros neste sábado. Em Brasília, após cinco horas de reunião do presidente Michel Temer com ministros, o governo anunciou neste domingo medidas sociais e na área de segurança para conter a situação de conflito em Pacaraima (RR), onde brasileiros e venezuelanos entraram em confronto. Entre as providências, está o reforço de 120 homens da Força Nacional, o estabelecimento de um abrigo fora da cidade e no caminho da capital Boa Vista e o envio de 36 profissionais da saúde para atender os imigrantes.

Dos 120 homens da Força Nacional que serão enviados, 60 embarcam nesta segunda-feira. Ainda não há data definida para a ida dos outros 60. Atualmente, já existem 31 agentes da Força em Pacaraima. Os profissionais de saúde que vão ser deslocados para atender os venezuelanos são voluntários ligados a hospitais universitários.

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O processo de interiorização, que já levou venezuelanos de Roraima para outras regiões do país, será intensificado. Além disso, haverá reunião nesta segunda-feira para concluir negociações em torno do início das obras do “linhão” que permitirá a integração de Roraima ao sistema elétrico nacional. Uma comissão interministerial visitará Pacaraima para adotar providências adicionais. As medidas foram divulgadas em nota da presidência da República.

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O comunicado destacou que o governo investiu mais de R$ 200 milhões em ações para apoiar a onda migratória e reduzir seus impactos para a população brasileira. A verba, segundo a presidência, foi empregada na construção de 10 instalações que abrigam temporariamente os venezuelanos, além de duas quase concluídas; no reforço da fronteira para recepção adequada dos estrangeiros; e no programa de interiorização.

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Durante a reunião, a avaliação do governo foi de que a situação de Roraima, onde houve um duelo no último sábado entre brasileiros e venezuelanos, tem forte componente eleitoral. A leitura do Palácio do Planalto é que temerosa de perder a disputa pela reeleição, a governadora de Roraima, Suely Campos (PP), tem incitado a população a hostilizar os venezuelanos.

Procurada, a governadora Suely Campos disse, por meio do seu secretário de Relações Institucionais, Marcelo Lopes, que o governo federal vem falhado nas ações para conter o problema dos venezuelanos em Roraima. E que jamais tratou o problema de forma política ou eleitoral. Segundo a assessoria de Suely, seu governo já gastou quase R$ 200 milhões com ações para atender os venezuelanos, e vem pedindo — inclusive por meio de ação ao Supremo Tribunal Federal — o ressarcimento desses investimentos.

A governadora revidou os ataques feitos reservadamente por integrantes do governo de que ela estaria incitando hostilidades aos venezuelanos por temer perder a eleição. O governo de Suely classifica como "ineficientes" as ações do governo Temer para resolver a entrada de cerca de 100 mil venezuelanos em Roraima nos últimos 18 meses.

— A governadora jamais fez uso eleitoral da questão dos venezuelanos. A governadora entende que esta é uma questão de Estado, e jamais se colocou contra o governo da Venezuela — afirma o Secretário de Relações Institucionais do governo de Roraima, Marcelo Lopes.