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Queimadas no Pantanal devastaram região equivalente a 444 campos de futebol por hora em 2020, diz pesquisa

Laboratório da UFRJ alerta que condições meteorológicas proporcionarão incêndios ainda mais avassaladores nos próximos meses
Funcionário de um fazenda tenta apagar um incêndio na propriedade em que trabalha no Pantanal, em Pocone, Mato Grosso Foto: AMANDA PEROBELLI/REUTERS/26-8-2020
Funcionário de um fazenda tenta apagar um incêndio na propriedade em que trabalha no Pantanal, em Pocone, Mato Grosso Foto: AMANDA PEROBELLI/REUTERS/26-8-2020

RIO — As queimadas no Pantanal em 2020 destruíram o equivalente a 444 hectares de vegetação por hora, o equivalente a 444 campos de futebol, segundo levantamento divulgado esta terça-feira pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da UFRJ. No ano passado, os incêndios destruíram cerca de 26% do bioma, e há sinais de que, nos próximos meses, a situação será ainda pior.

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De acordo com a plataforma do Lasa, que é atualizada diariamente, cerca de 100 hectares do Pantanal do Mato Grosso foram queimados entre 14 e 18 de junho. Trata-se de quase o dobro do registrado no mesmo período em 2020 (55 hectares).

As informações do laboratório da UFRJ foram usadas no ano passado por brigadistas do Ibama e do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, onde está localizado o Pantanal. O rastreamento das queimadas permitiu a realização de perícias sobre a origem e o deslocamento do fogo, além da avaliação de ameaças às propriedades, à população e aos recursos naturais.

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— A maior parte dos incêndios ocorreu fora das unidades de conservação e terras indígenas, mas estas localidades foram vitimadas pelo fogo — sublinha Renata Libonati, coordenadora do Lasa/UFRJ. — A ação humana está por trás das queimadas, seja por uma via acidental, como fogueiras que saíram de controle, ou por um motivo intencional, como queima de pastagem e desmatamento.

Segundo Libonati, a estiagem no Centro-Sul do país é “semelhante ou talvez pior” do que no ano passado, e não há perspectiva de que ela diminua de intensidade.

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— Temos condições meteorológicas bastante favoráveis ao espalhamento do fogo. A vegetação está seca. Mas não podemos culpar só o clima. A ação humana é a responsável pela ignição. Por isso, é preciso realizar planos de manejo, diminuindo o material combustível, e aumentar a fiscalização contra atividades ilegais — explica a pesquisadora.

O monitoramento constatou que algumas áreas queimadas no ano passado já estão se regenerando, mas permanecem vulneráveis a incêndios:

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— Além disso, mais de 70% do Pantanal não foi devastado em 2020. Está, então, exposto a queimadas este ano. É necessário direcionar mais esforços para a prevenção de incêndios, e não apenas para seu combate.

A pesquisa do Lasa sobre as queimadas, iniciada no ano passado, será refinada na atual estação seca. Entre 2020 e 2021, a área monitorada pelo laboratório aumentou 118%, de 28 para 61 milhões de hectares — além do Pantanal, o levantamento também abrange o Cerrado e o estado de Roraima, onde está um trecho da floresta amazônica.