Vacina

Por G1


Veja 5 pontos sobre a variante delta

Veja 5 pontos sobre a variante delta

Uma pesquisa publicada nesta quinta-feira (8) na revista científica "Nature", uma das mais importantes do mundo, aponta que a variante delta do coronavírus é parcialmente resistente a alguns tipos de anticorpos, mas que duas doses da vacina da Pfizer ou da AstraZeneca/Oxford são capazes de neutralizá-la.

As conclusões são de cientistas do Instituto Pasteur e do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS, na sigla em francês).

No estudo, os pesquisadores testaram o poder de neutralização de alguns anticorpos monoclonais contra a variante – um deles foi o medicamento bamlanivimab, usado pelo ex-presidente americano Donald Trump quando teve a Covid-19. A variante se mostrou resistente à substância.

Os autores constataram que os anticorpos do medicamento não foram capazes de se ligar à proteína spike da variante delta. Como a proteína spike é a que o vírus usa para infectar as células humanas, isso significa que os anticorpos desse medicamento não neutralizaram o vírus.

A descoberta sugere que a variante delta consegue escapar dos anticorpos que têm como alvo certas partes da proteína spike.

O bamlanivimab chegou a receber aprovação de uso emergencial da FDA americana (sigla para Food and Drug Administration, equivalente à Anvisa do Brasil) em novembro passado. Em abril deste ano, a autorização foi revogada; a agência apontou, entre outros motivos, "o aumento sustentado de variantes" que eram "resistentes ao bamlanivimab [quando utilizado] sozinho".

Menos sensíveis a anticorpos de soro sanguíneo

A variante delta também foi menos inibida por anticorpos presentes no soro sanguíneo de pacientes que já tinham tido a Covid-19, segundo os autores.

Para chegar a essa constatação, os cientistas testaram soro sanguíneo de 103 pessoas que já haviam sido infectadas com a Covid-19. Dessas, apenas 21 pessoas foram vacinadas depois de ter a doença – e, mesmo assim, com apenas uma dose (da Pfizer, AstraZeneca ou Moderna).

Os autores constataram que a variante delta era quatro vezes menos sensível do que a alfa aos anticorpos no soro de pessoas não vacinadas que tinham tido a doença até 12 meses antes.

O próprio Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) já havia apontado que a delta era potencialmente capaz de resistir a ambos os tipos de anticorpos – tanto os monoclonais como os de pacientes previamente infectados.

Por outro lado, as pessoas com infecção prévia pelo coronavírus que foram vacinadas com apenas uma dose tiveram 100% de capacidade de neutralização contra todas as variantes testadas do vírus.

Vacinas continuam funcionando

Os pesquisadores também testaram o soro sanguíneo de 59 pessoas que haviam sido vacinadas contra a Covid-19. Dessas, 16 receberam a vacina da Pfizer e 43, a da AstraZeneca.

Para determinar se as vacinas permaneciam protetoras, eles mediram os resultados dos anticorpos gerados pelas vacinas contra as variantes delta, alfa e beta, além de uma variante de referência que era mais semelhante a cepas anteriores do coronavírus.

Os cientistas concluíram que uma única dose das vacinas da Pfizer ou da AstraZeneca era pouco ou nada eficiente contra as variantes delta e beta. Apenas cerca de 10% das pessoas era capaz de neutralizar a delta após uma única dose de qualquer uma das vacinas (13% na Pfizer e 9% na AstraZeneca).

No entanto, receber a segunda dose de qualquer uma das duas vacinas gerou uma resposta neutralizante em 95% dos indivíduos – embora os anticorpos tenham sido de 3 a 5 vezes menos potentes contra a variante delta do que contra a alfa mesmo com as duas doses de qualquer uma das vacinas.

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