Saúde Vacina

Avanço da vacinação contra Covid-19 reduz em 46% mortalidade de internados em SP, diz governo

Índice caiu de 35%, em março, para 19%, em junho; entre quem tem mais de 70 anos, mais de 80% receberam duas doses
Pedestres usam máscara em São Paulo (30-6-21). Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Pedestres usam máscara em São Paulo (30-6-21). Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

SÃO PAULO — A ampliação da vacinação levou a uma redução de 46% da mortalidade de pessoas internadas em hospitais com Covid em São Paulo, anunciou o governo do estado. O dado é resultado da análise dos indicadores de fatalidade de março e junho.

— É uma grande notícia. A proporção dos pacientes que morriam depois de internados era de 35% em março, pico da segunda onda da pandemia. (O patamar) caiu para 19% em junho — afirmou o governador João Doria (PSDB), em coletiva nesta quarta-feira no Palácio dos Bandeirantes.

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A queda acentuada da mortalidade, diz o governador, é fruto do avanço da vacinação em todo o estado. Doria afirmou que mais de 80% das pessoas com esquema vacinal completo, acima dos 70 anos, receberam a CoronaVac — imunizante desenvolvido pela Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan.

Até agora, 62% dos adultos paulistas já receberam, ao menos, uma dose de vacinas contra a Covid-19. Estima-se que amanhã, quinta-feira, o estado chegue à marca de 30 milhões de doses aplicadas. Segundo Doria, o índice representa mais que o total de vacinas aplicadas em países como Argentina e Chile.

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De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde, o estado contabiliza queda combinada nos três indicadores da pandemia: casos (-10,7%), internações (-14%) e óbitos (-26,1%). Trata-se da quarta semana em que há redução em todos os patamares de análise.

— Seguramente, as reduções de internações e mortes mostram o impacto da vacinação — diz Jean Gorinchteyn, secretário da pasta. — E essa redução (da letalidade) será ainda maior à medida que progredirmos a vacinação para mais faixas etárias.

Dados oficiais de São Paulo apontam para alta cobertura vacinal entre idosos. A faixa etária de 90 anos ou mais registra 95% de cobertura vacinal completa, com duas aplicações. A de 80 a 89 tem 100%, assim como a de 70 a 79 anos.

Pagamento a familiares de alunos

Na entrevista coletiva desta quarta-feira, o governo estadual anunciou a criação de um programa estadual para a contratação de 20 mil familiares de alunos carentes para trabalhar nas escolas do estado. A ideia é que essas pessoas recebam R$ 500 por mês para trabalhar 4h por dia até dezembro.

Podem participar do programa pais ou responsáveis pelos alunos em situação de vulnerabilidade social de até 60 anos, cadastrados no CadÚnico ou desempregados há pelo menos 3 meses. A ideia é que eles possam começar a trabalhar na escola dos seus filhos em 16 de agosto.

Variante Delta

Até agora, a investigação do caso inicial da variante Delta — confirmado na capital paulista — não resultou em indicativos da origem da infecção. Na coletiva, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que não foi detectada a cepa detectada pela primeira vez na Índia nos contatos do primeiro paciente, um homem de 45 anos, que trabalha em casa e não viajou.

Nesta terça-feira, a Secretaria de Saúde da cidade de São Paulo — responsável pelo inquérito epidemiológico — afirmou que o rastreio de contatos começará a investigar a família da mulher do “caso zero”. Ainda não há, porém, novas informações sobre esse desdobramento da investigação.

'Normalidade' ainda distante

João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência da Covid-19, afirmou que a aguardada "volta à normalidade", no entanto, ainda não está próxima. Ela será adquirida de forma gradual, disse ele, com o avanço do processo de imunização.

Segundo Gabbardo, 20% da população do estado corresponde a menores de idade. Do total, 16% têm menos de 12 anos. Mesmo assim, com a vacinação de todos os adultos e dos jovens de até 12 anos, ele acredita que o estado entrará em um patamar de maior controle da pandemia.

— Até o final do mês de setembro, teremos já um percentual da população de 84% (de vacinados). Acreditamos que (aí) teremos o controle da pandemia, e é provável que possamos flexibilizar algumas atividades que ainda não foram possíveis.

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Antecipação da AstraZeneca ainda descartada

Questionado sobre uma possível antecipação da segunda dose da vacina AstraZeneca, medida adotada em outros estados, o governo de São Paulo afirma que ainda não contempla essa possibilidade.

— Nenhuma decisão é tomada sem que conversemos com a Ciência e levantemos dados da OMS e de outros países à frente do Brasil em relação às vacinas. Hoje, não temos prorrogação para colocar (isso) aqui — diz Regiane de Paula, coordenadora do Programa Estadual de Imunização (PEI).

Segundo ela, o tema voltará a ser tratado em reunião amanhã (15).

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Novas entregas da CoronaVac

O Instituto Butantan iniciou a entrega de um lote de 10 milhões de doses de CoronaVac. O primeiro milhão será encaminhado entre hoje e amanhã ao Ministério da Saúde, e outras entregas previstas devem ocorrer ao longo das próximas semanas.

Dimas Covas afirmou ainda que a maior parte das doses contratadas pelo Ministério da Saúde já foram entregues ou estão em solo nacional. A previsão é liberar 100 milhões de doses até agosto. Desse montante, 83% já desembarcaram no Brasil.

— Faltarão somente 17 milhões de doses para envio no mês de agosto. Seguramente, chegará mais matéria-prima até o final deste mês, o que nos permitirá concluir o contrato — disse Covas.