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Por Marco Condez

Reuters

O futebol brasileiro masculino foi bem representado nas Olimpíadas de Tóquio pela Seleção Olímpica comandada por André Jardine. A boa campanha, coroada com a medalha de Ouro, mostrou que o grupo está equilibrado taticamente, pois fez apresentações seguras, revelando futebol ofensivo e criativo.

Diferentemente da conquista do Ouro em 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, a atual seleção não enfrentou percalços para se classificar e elevou o nível tático no decorrer a competição, se apresentando melhor organizada do que no Torneio Pré-olímpico e nos amistosos preparatórios.

A formação de Jardine é voltada aos conceitos do futebol moderno. Na maioria dos jogos apresentou postura formatada para o objetivo primário de agredir o adversário com as linhas altas e tentando recuperar a posse da bola, o mais rápido possível.

Porém, essa velocidade não torna o time eminentemente reativo, pois o grupo consegue agir bem quando tem a posse de bola e utiliza a troca de passes como artifício para envolver a defesa adversária.

E, é justamente esse padrão ofensivo e criativo que a Seleção Principal, comandada por Tite, está tendo dificuldades de apresentar. Entendo que a filosofia de Tite, apesar de semelhante a de Jardine, tem particularidades distintas, mas a Seleção Olímpica mostrou que é possível conquistar títulos sendo protagonista na maioria dos jogos.

Outra diferença importante que vejo entre as duas Seleções é a postura do time olímpico em buscar o gol e não assumir o comportamento de administrar a vantagem conquistada, baixando suas linhas e dando espaço para o adversário crescer.

A Seleção Olímpica também mostrou repertório confiável e produtivo, mesmo quando o grupo é obrigado a assumir postura mais conservadora, devido ao comportamento do adversário, como aconteceu no jogo final. Como a Espanha tem por excelência basear seu jogo na posse de bola e na troca de passes, a equipe brasileira optou, em vários momentos, por dar a bola para a Espanha e ser reativa aproveitando os espaços cedidos.

Contra a Espanha, a Seleção de Jardine caiu de rendimento, principalmente no segundo tempo, permitindo que os espanhóis crescessem no jogo e empatassem a partida. Mas, conseguiu reverter a situação, elevando seu rendimento na prorrogação, com as alterações efetuadas, que lhe permitiram conquistar o Bicampeonato Olímpico.

Assim, acredito que o elenco da Seleção Olímpica, que mostrou qualidades individuais e coletivas interessantes, pode contribuir para promover variações na Seleção Principal. Alguns atletas convocados por Jardine, merecem ser observados mais atentamente por Tite e possivelmente serem testados, na tentativa de melhorar o padrão tático da equipe principal.

O volante do Lyon, da França, Bruno Guimarães, é um dos destaques do elenco Olímpico, que consegue efetuar bem o balanço defensivo. Tem qualidades para funcionar como mais um meia de criação, quando a equipe tem a posse de bola.

O centroavante do Hertha Berlin, da Alemanha, Matheus Cunha, além de ter bom posicionamento, tem faro de gol. Atua como atacante mais fixo, mas, quando o adversário se fecha, mostrou que consegue se movimentar e dar opção para a equipe, ajudando a armar o jogo. Quem sabe, não seja a solução para superar a carência que temos de atacantes, desde a época de Romário e Ronaldo Fenômeno?

O lateral esquerdo Guilherme Arana, que atua no Atlético Mineiro, também tem potencial para ser um diferencial na equipe principal, pois tem qualidades para construir o jogo atuando, também, como meio-campista.

Malcom, que atua no FC Zenit São Petersburgo, mostrou que tem uma característica importante que falta no futebol brasileiro: conseguir driblar e abrir espaço com jogadas individuais.

A Seleção Olímpica de Futebol Masculino foi competente na conquista do Ouro e acredito que alguns de seus jogadores podem contribuir com a Seleção Brasileira Principal e talvez, torna-la menos burocrática.

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