Com a derrota de Ana Patricia e Rebecca no fim da noite desta terça-feira por 2-1 para a dupla suiça Joana Heidrich e Anouk Vergé-Dépré, o Brasil já tem, nos Jogos de Tóquio, a pior campanha da história do vôlei de praia em Olimpíadas. Além disso, como as duas duplas já foram eliminadas, o jejum de títulos no feminino completará, em Paris, pelo menos 28 anos.
Desde a estreia do vôlei de praias em Olimpíadas, nos Jogos de Atlanta, em 1996, o Brasil chegou ao pódio pelo menos duas vezes, entre homens e mulheres. Na Olimpíada de Tóquio, essa possibilidade não existe mais. No feminino, Agatha e Duda e Ana Patrícia e Rebecca já estão eliminadas. Assim como Bruno Schmidt e Evandro no masculino. Com isso, só há chance de medalha para a dupla formada por Alisson Mamute e Álvaro Filho.
E foi justamente quando a modalidade debutou em Olimpíadas, há 25 anos atrás, que o Brasil conquistou o primeiro e único ouro da história entre as mulheres. Foi com Jacqueline Silva e Sandra Pires, que venceram as brasileiras Adriana Samuel e Mônica Rodrigues na grande final. Desde então, nenhuma dupla brasileira feminina conseguiu chegar ao lugar mais alto do pódio.
Mesmo com o jejum, o Brasil é o país com mais medalhas no vôlei de praia. São treze ao todo (três ouros, sete pratas e três bronzes), entre homens e mulheres. Logo atrás, vem os Estados Unidos — que não por acaso são os inventores da modalidade — com dez (seis ouros, duas pratas e dois bronzes). Na terceira colocação, mas longe dos dois primeiros países, está a Alemanha, com três medalhas, sendo duas de ouro e uma de bronze.
Veja o desempenho brasileiro em Olimpíadas no vôlei de praia:
Atlanta, 1996
Ouro e prata no feminino
Sidney, 2000
Prata e bronze no feminino
Prata no masculino
Atenas, 2004
Ouro no masculino
Prata no feminino
Pequim, 2008
Prata e bronze no masculino
Londres, 2012
Prata no masculino
Bronze no feminino
Rio, 2016
Ouro no masculino
Prata no feminino
A derrota de Ana Patrícia e Rebecca em 'clima hostil'
Na noite desta segunda, Ana Patricia e Rebeca foram derrotadas por 2 a 1 para a dupla Heidrich e Vergé-Dépré. A partida começou tensa, com as suíças, especialmente Heidrich, abusando dos gritos a cada ponto, com direito a exclamações direcionadas às brasileiras, que em determinado momento aparentaram terem ficado desestabilizadas. O primeiro set foi vencido pelas europeias, por 21 a 19.
No segundo set, a dupla brasileira voltou melhor, especialmente Rebecca, que se desdobrava nas defesas e executava belas "largadinhas". Com a parcial de 21 a 18, levaram a partida ao tie break. No set decisivo, o jogo ficou equilibradíssimo na primeira metade, mas, na reta final, Ana Patrícia acumulou erros que custaram caro. E foi com um saque errado de Patrícia, que as suíças fecharam o jogo, com 15 a 12.
No final da partida, Ana Patrícia revelou que ficou doente na noite anterior, devido a uma queda de glicemia, que a fez desmaiar no colo de sua parceira. Rebecca disse que, apesar dos problemas, elas estavam felizes com o desempenho e já miram as próximas edições dos jogos. Sobre o comportamento hostil das suíças, disse que já era algo esperado.
— A questão de grito a gente já sabia, não me afeta em nada. Não entro na pilha. A Pati (Ana Patrícia) entra um pouco, mas consigo puxar ela. Sei que ela é explosiva. Mas é detalhe de jogo, adrenalina, aspecto emocional. Saio muito tranquila, acho que a gente deu nosso máximo — falou Rebecca.