A Omie, cujo software de gestão organiza o caos financeiro que costuma ser a realidade de micro e pequenas empresas, levantou R$ 580 milhões em investimentos nesta terça-feira. A rodada foi liderada pelo Softbank e deve ser a última antes de um provável IPO (oferta inicial de ações) na Nasdaq em até três anos.
A companhia não informou em quanto foi avaliada com a rodada, mas o investimento deixa a Omie perto do status de “unicórnio” — jargão para empresas que valem mais de US$ 1 bilhão —, segundo seu fundador e diretor-executivo, Marcelo Lombardo.
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Também assinaram o cheque a Riverwood Capital, americana que já era sócia da Omie e já investiu em brasileiras como 99 e VTEX, além de gestoras de Leblon e Faria Lima com expertise em ações listadas em Bolsa, como Dynamo, VELT, Bogari, Hix Capital e Brasil Capital.
Em rodadas anteriores, a Omie já havia levantado R$ 110 milhões em capital junto a gestoras como Astella e a própria Riverwood.
‘Maior concorrente é o caderninho’
A Omie nasceu como um braço da NewAge Software, empresa de Lombardo que já oferecia sistemas de gestão integrados (ERP, na sigla em inglês). O foco da NewAge eram grandes empresas, segmento onde enfrentava concorrência ferrenha por parte de companhias globais como SAP e Oracle. Em 2013, quando vendeu a NewAge Software para a Toutatis Global, Lombardo fez acordo para ficar com a Omie — aquela altura, ainda uma start-up iniciante com apenas sete pessoas na equipe, contando ele e o estagiário.
— O mercado da NewAge estava saturado. Enquanto isso, havia uma oportunidade enorme nas pequenas empresas, 90% das quais não têm acesso a software de gestão. Meu maior concorrente, de longe, é o caderninho da Tilibra e, depois, o Excel — brinca Lombardo, que, na realidade, também concorre com start-ups como Conta Azul e Vhsys.
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O “feijão com arroz” da Omie é um software que faz o que Lombardo chama de espinha dorsal do controle financeiro de uma empresa: fluxo de pagamentos, contas a pagar, controle de estoque e cobrança.
A solução já tem 70 mil clientes, a maioria deles micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 10 milhões. (Embora 30% da receita já venha de empresas médias, segmento que ganhou peso maior nos negócios da Omie durante a pandemia.) As companhias pagam de R$ 50 a R$ 1.500 por mês pela solução, dependendo do porte da empresa. Segundo Lombardo, 97% dos clientes chegam à Omie por indicação de contadores — cujo trabalho é facilitado pelos softwares da companhia.
‘We are hiring!’
A Omie também oferece uma plataforma plugada a softwares de terceiros que compõem a solução, além de serviços financeiros acrescentados ao software original.
— O ERP é o novo internet banking. Você não precisa mais sair do sistema para fazer um TED —repete o fundador, acrescentando que a Omie fechou parceria recente com o Itaú, em formato co-branded, para levar seu software aos clientes pessoas jurídicas do banco.
A Omie não informa quanto fatura, mas afirma que cresceu 70% no ano passado e quer dobrar as receitas este ano. Com o aporte, o objetivo é ampliar sua força de vendas e a oferta de serviços financeiros. A meta é fechar o ano com 100 mil clientes e 1.500 funcionários.
— Estamos contratando! Esse é talvez nosso principal desafio — brinca o executivo.