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    Em 2010, terremoto de magnitude similar matou mais de 200 mil pessoas no Haiti

    Onze anos separam os fortes tremores deste sábado (14) do terremoto que agravou a situação de miséria do país mais pobre das Américas

    *Rafaela Lara, da CNN, em São Paulo

    Onze anos e sete meses separam o forte terremoto, de magnitude 7,2, que atingiu o Haiti na manhã deste sábado (14) dos tremores que mataram mais de 200 mil pessoas em 2010. A crise que o país mais pobre das Américas enfrenta foi agravada nos últimos anos com a chegada da pandemia de Covid-19 e desdobramentos políticos que culminaram no assassinado do então presidente do país, Jovenel Moise, em julho. 

    Neste sábado, os haitianos amanheceram diante de uma tragédia, que ainda não está totalmente mensurada. Após o forte terremoto, ao menos 227 morreram, de acordo com a Defesa Civil do país – este número, porém, deve aumentar significativamente nas próximas horas dada a magnitude do desastre. 

    Em 12 de janeiro de 2010, o tremor que matou mais de 200 mil teve magnitude 7 e, até os dias de hoje, há mais de 1,5 milhão de flagelados pelo desastre e a pobreza, que já era significativa naquela época, aumentou ainda mais no país que tem o terceiro pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o número de mortos após o terremoto de 2010 chegou a 300 mil. 

    Na época dos abalos de 2010, o aeroporto da capital Porto Príncipe foi severamente afetado, o que dificultou a chegada de ajuda humanitária. Neste sábado, o governo dos Estados Unidos anunciou ajuda imediata ao Haiti – a diplomata Samantha Power foi designada para coordenar os esforços. 

    O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, confirmou que o terremoto deste sábado causou “várias mortes” em várias partes do país.

    Segundo ele, “grandes danos” também foram registrados após os abalos atingirem a região de Grand’Anse, ao sudoeste do país, e Nippes, localizada a cerca de 150 quilômetros de Porto Príncipe. 

    Entre os mais de 200 mil mortos no Haiti em 2010 estava a brasileira Zilda Arns, que atuava como coordenadora internacional da Pastoral da Criança. A médica sanitarista e pediatra, referência em trabalho social, tinha 75 anos e estava em missão humanitária no país. Ela morreu após fazer um pronunciamento em uma igreja, que desabou durante o terremoto. 

    Cidade de tendas após terremoto no Haiti em 2010
    Haiti depois do terremoto de 2010: tendas montadas por afetados pelos tremores se espalharam por Porto Príncipe
    Foto: Adrienne Mong / NBCU Photo Bank / NBCUniversal via Getty Images

    Registros da época mostram prédios e casas completamente destruídos após os tremores. Desde então, o país, que já sofria com a pobreza extrema, não conseguiu se reerguer economicamente ou oferecer ajuda adequada aos afetados.

    Ainda no ano de 2010, o país foi fortemente atingido por uma epidemia de cólera, que resultou na morte de mais de 7 mil pessoas, incluindo bebês e crianças. 

    Naquela época, apenas 2% dos 10 milhões de habitantes do Haiti tinham acesso à água potável e praticamente não havia sistema de esgoto encanado. O terremoto deste sábado tensiona ainda mais o sistema de saúde precário do país e pode provocar novas ondas de doenças. 

    Terremoto em 2010 matou mais de 200 mil pessoas
    Foto: Getty Images

     

    Em julho, o país registrou o maior número de mortos pela Covid-19. Na época, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, Carissa F. Etienne, pediu à comunidade internacional que ajudasse “com urgência” o país no combate ao vírus.

    Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, são mais de 20 mil casos e 576 mortes por Covid-19 no Haiti. 

    Localização dos tremores deste sábado

    O terremoto foi localizado a cerca de 12 quilômetros a nordeste de Saint-Louis-du-Sud e a 13 quilômetros de profundidade. A região oeste do país concentra áereas turísticas e cruzeiros que também passam por outras regiões do Caribe. 

    De acordo com informações iniciais, Porto Príncipe sentiu os abalos, mas não foi severamente afetada – como ocorreu no terremoto de 2010. 

    Com isso, o aeroporto internacional do Haiti poderá receber ajuda humanitária de forma mais rápida. Em 2010, não apenas o aeroporto da capital como hospitais e prédios históricos foram severamente afetados. 

    Tempestade Grace se aproxima do Haiti

    A tempestade Grace deve atingir o país entre a próxima segunda e terça-feira (17). Os ventos devem trazer fortes chuvas, que podem causar inundações em algumas regiões do país.

    Crise política e presidente assassinado em julho 

    Parelelamente à pobreza extrema vivida por maior parte da população do país, a crise política haitiana se agravou no último mês com o assassinato de Jovenel Moise, então presidente do Haiti. 

    A primeira-dama haitiana Martine Moise foi baleada e ferida durante ataque na residência dos Moise. Ela levada para Miami para tratamento e retornou ao país com colete à prova de balas

    O ataque ocorreu em meio a um cenário de instabilidade política, com muitos papéis importantes no governo do país já vazios e o parlamento efetivamente extinto. Os políticos de oposição do país já clamavam pela renúncia de Moise.

    Sepultamento de Jovenel Moise no Haiti
    Sepultamento de Jovenel Moise no Haiti
    Foto: REUTERS/Ricardo Arduengo

    Ainda antes do assassinato de Moise a violência criminal aumentava na capital, incluindo ataques à polícia e incêndios criminosos em casas de civis no mês de junho. O americano Christian Emmanuel Sanon, de 63 anos, foi preso, acusado de conspirar para matar Moise. Ele alega ser inocente. Desde a morte de Moise, o primeiro-ministro ocupa o governo haitiano. 

    *Com informações de Marcelo Favalli, da CNN, em São Paulo, Heloisa Villela, da CNN, em Nova Iorque, e Memória Agência Brasil