Rio

Secretaria estadual de Saúde do Rio autoriza aplicação de segunda dose da Pfizer caso a AstraZeneca esteja em falta

Pasta frisou que a chamada intercambialidade só poderá ser adotada pelos municípios se de fato não houver o imunizante da mesma fabricante em estoque
A vacina da Pfizer (foto) poderá ser aplicada em quem recebeu a primeira dose da AstraZeneca Foto: Patrick T. Fallon / AFP
A vacina da Pfizer (foto) poderá ser aplicada em quem recebeu a primeira dose da AstraZeneca Foto: Patrick T. Fallon / AFP

RIO - A Secretaria estadual de Saúde (SES) informou que está publicando, nesta segunda-feira, uma nota técnica que autoriza o uso de segunda dose da vacina contra a Covid-19 da Pfizer em pessoas que receberam a primeira da AstraZeneca. A pasta frisou, porém, que a chamada intercambialidade só poderá ser colocada em prática "caso o estado do Rio de Janeiro não receba doses do imunizante Oxford/AstraZeneca em quantidade suficiente para completar o esquema vacinal de quem já recebeu a primeira dose".

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A prática já havia sido autorizada pelo Ministério da Saúde (MS) no fim da última semana, também por meio de uma nota técnica. Assim como o órgão estadual, o ministério também pontuou que a medida só deve ser adotada se houver indisponibilidade de doses da AstraZeneca, que está com o estoque em baixa em várias cidades e estados do país.

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De acordo com a SES, cerca de um terço das 700 mil doses de vacina distribuídas aos municípios no último fim de semana eram da Oxford/AstraZeneca. Ainda segundo a pasta, as 233 mil unidades do imunizante tinham como destino exclusivamente a segunda aplicação. "A SES ressalta que todas as doses de vacina enviadas pelo Ministério da Saúde ao estado são imediatamente disponibilizadas aos municípios", diz o texto enviado pela secretaria.

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A SES afirmou ainda que a decisão de liberar a intercambialidade nesses casos específicos "foi tomada em conjunto com a equipe de especialistas do Conselho de Análise Epidemiológica que assessora a vigilância estadual". "A SES reforça que a intercambialidade do imunizante só deve ser realizada pelos municípios caso ocorra de fato a falta da vacina Oxford/AstraZeneca", ressaltou a pasta.

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A situação descrita pela SES, entretanto, não é a única experiência envolvendo a intercambialidade vacinal em curso no estado. Neste fim de semana, a Prefeitura do Rio anunciou que vai ampliar o estudo sobre imunização em Paquetá aplicando uma terceira dose em todos os idosos que moram na ilha . No teste, porém, os moradores participantes irão receber a vacina da Pfizer ou da AstraZeneca, mesmo que tenha sido a aplicada a CoronaVac nas duas primeiras doses.

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Já a Prefeitura de Niterói decidiu liberar a aplicação da segunda dose da Pfizer para todos aqueles que tenham apresentado algum tipo de reação adversa à primeira dose da AstraZeneca . Para que isso seja feito, é preciso preencher um termo de consentimento, onde constam os efeitos sentidos após a primeira aplicação. Além disso, é preciso respeitar o intervalo previsto entre as doses.

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Segundo a prefeitura, a autorização foi baseada em casos positivos relatados em países como Alemanha, França, Suécia, Noruega e Dinamarca, que já empregam o esquema vacinal misto. A prefeitura alega ainda que Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a intercambialidade entre as vacinas em locais com comprometimento do fornecimento da AstraZeneca.

Delta avança

Enquanto debate os modelos de vacinação, o Rio presencia o avanço no estado da variante Delta, considerada mais contagiosa por especialistas. Na noite deste domingo, o secretário municipal de Saúde da capital, Daniel Soranz, anunciou que, pela primeira vez, os casos creditados à nova cepa correspondiam a mais da metade dos computados na cidade . Como resultado, ainda de segundo o secretário, o número de internações aumentou 10% no município nos últimos dias.

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A aceleração no contágio também pressiona o sistema em outras cidades fluminenses. Neste domingo, quatro delas já não tinham nenhum leito de emergência para Covid-19 disponível: Belford Roxo, na Baixada, além de Bom Jesus de Itabapoana, Miracema e Cantagalo, todas no interior. Nesta segunda-feira, embora Belford Roxo tenha saído, mais três municípios entraram na lista, elevando o total para seis: Itaguaí, na Região Metropolitana; Itaperuna, no Noroeste Fluminense; e Nova Friburgo, na Região Serrana. Há, ainda, outras três cidades com ocupação acima de 90% nas vagas de urgência para pacientes com coronavírus: Duque de Caxias (91%), Teresópolis (94%) e a própria capital, com 95% dos leitos em uso.

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O aumento nos casos também aparece nos dados divulgados diariamente pela Secretaria estadual de Saúde (SES). Nesta segunda-feira, foram confirmados 2.418 novos pacientes com Covid-19 em território fluminense. O número corresponde a mais do que o dobro dos 1.202 casos computados na segunda-feira anterior. Vale lembrar que o primeiro dia da semana costuma trazer uma oscilação artificial nas estatísticas por conta de represamentos ocorridos durante o fim de semana.

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Em meio a esse cenário, a SES abriu 20 novos leitos para pacientes com Covid-19 no Hospital estadual Doutor Ricardo Cruz (HERCruz), unidade exclusiva para atendimento de coronavírus em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A pasta afirma ainda que já há um processo em curso de chamamento público para a abertura de mais 150 leitos na rede privada. A previsão é que o edital seja publicado em 15 dias.

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Na cidade do Rio, foram reabertos 60 leitos da rede municipal para suprir a demanda. Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, novos leitos da rede federal também foram abertos devido ao aumento nos casos.