Mundo Coronavírus

EUA voltam a registrar mais de mil mortes por dia por Covid pela primeira vez em cinco meses

Aumento nas mortes ocorre em meio a uma campanha de vacinação estagnada e lotação dos hospitais
Paciente com Covid-19 é transferido de hopital em Miami Foto: CHANDAN KHANNA / AFP
Paciente com Covid-19 é transferido de hopital em Miami Foto: CHANDAN KHANNA / AFP

WASINGTON — Os Estados Unidos registraram 1.017 mortes pela Covid-19 na terça-feira, o equivalente a cerca de 42 óbitos por hora, de acordo com a contagem da Reuters, à medida que a variante Delta continua a afetar partes do país com baixas taxas de vacinação. As mortes relacionadas ao coronavírus aumentaram nos EUA no último mês, com uma média de 769 por dia, o maior número desde meados de abril. Ao todo, desde o início da pandemia, 623 mil americanos morreram por causa da doença, mais do que em qualquer outro país.

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A última vez que os EUA registraram mais de mil mortes diariamente foi em março. A situação atual levou o governo do presidente Joe Biden a confirmar, na noite de terça-feira, que planeja prolongar as exigências para os viajantes usarem máscaras em aviões, trens e ônibus, e também em aeroportos e estações de metrô até meados de janeiro. Como em muitos outros países, a variante Delta tem apresentado um grande desafio para a contenção dos contágios.

— Ainda estamos em uma pandemia de não vacinados. Há mais de 85 milhões de americanos elegíveis para a vacinação [contra Covid-19] que ainda não se vacinaram — disse Biden nesta quarta-feira, acrescentando que não descansará "enquanto os governadores que são contra o uso de máscaras continuarem intimidando funcionários locais".

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O Facebook disse nesta quarta-feira que removeu mais de três dezenas de páginas, grupos e contas do Facebook ou Instagram vinculadas a 12 pessoas que espalhavam desinformação sobre vacinas contra Covid-19, depois que a Casa Branca pediu às empresas de mídia social que aumentassem o controle sobre fatos relacionados à pandemia compartilhados em suas plataformas.

"Também impusemos penalidades a quase duas dezenas de páginas, grupos ou contas adicionais vinculadas a essas 12 pessoas", disse o Facebook em uma publicação com o título "Como estamos agindo contra os superpropagadores da desinformação de vacinas".

Algumas das principais desinformações sobre vacinas que o governo Biden está combatendo incluem que os imunizantes contra a Covid-19 são ineficazes, falsas alegações de que carregam microchips e que prejudicam a fertilidade das mulheres, disse um funcionário da Casa Branca no mês passado.

Autoridades americanas começaram a acelerar a vacinação diante da ameaça renovada, com a média de doses aplicadas aumentando em 14% nos últimos sete dias. Cerca de 60% do país já receberam ao menos uma dose da vacina, enquanto 50% da população estão completamente imunizados com as duas doses.

Apesar do aumento da imunização, o país ainda lida com a baixa procura pela vacina e o negacionismo de grupos sociais . Na faixa etária de 18 a 39 anos, menos de 50% completaram o ciclo vacinal,  segundo o Centro de Controle e Doenças e Prevenção (CDC). Embora governos locais e empresas tenham, inicialmente, oferecido incentivos como dinheiro e prêmios para as pessoas serem vacinadas, o surto de casos atual fez com que algumas empresas e estados passassem a exigir que os seus funcionários se vacinem se quiserem manter seus empregos.

Apesar disso, os hospitais dos EUA continuam a lotar com novos pacientes, já que as hospitalizações relacionadas à Covid-19 aumentaram em cerca de 70% nas duas últimas semanas. O país relatou mais de 100 mil novos casos por dia em média nos últimos 12 dias, o maior número em seis meses. O Sul dos EUA continua sendo o epicentro do surto atual da doença, com a Flórida contabilizando um recorde de cerca de 26 mil novos casos na semana passada.

O número de crianças hospitalizadas com a Covid-19 está aumentando em todo o país e já chegava a 1.834 na manhã de terça-feira, de acordo com dados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, uma tendência que os especialistas em saúde atribuem à variante Delta ser mais infecciosa em crianças do que a cepa Alfa original.