Política

Pacheco diz que processo de impeachment de ministros do STF 'não é recomendável'

Presidente do Senado afirmou que pauta de crescimento econômico ficaria prejudicada com o esgaçamento das instituições
Presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) Foto: Marcos Brandão / Agência O Globo
Presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) Foto: Marcos Brandão / Agência O Globo

BRASÍLIA — O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou nesta terça-feira que o processo de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) neste momento "não é recomendável para um Brasil que espera uma retomada do crescimento". Pacheco será o responsável por deliberar sobre a abertura ou não de um eventual pedido de afastamento dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro no último final de semana e reiterado nesta terça-feira.

Aliados do chefe do Executivo vem tentando evitar que a promessa seja levada adiante , mas, até o momento, os argumentos não surtiram efeito.

— Já há pedidos de impeachment de ministros do STF no âmbito do Senado. A presidência entendeu que não havia ambiente e nem justa causa para o encaminhamento e evolução desses pedidos porque entendemos que precipitarmos uma discussão de impeachment, seja do Supremo, seja do Presidente da República, ou qualquer tipo de ruptura, não é algo recomendável para um Brasil que espera uma retomada do crescimento, uma pacificação geral, uma pauta de desenvolvimento, de combate à pobreza e ao desemprego. Essa pauta ficaria prejudicada com o esgaçamento das instituições — disse Pacheco a jornalistas, ao chegar no Senado.

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Questionado especificamente sobre a promessa de Bolsonaro de apresentar um pedido de impeachment de ministros do STF, Pacheco disse que é preciso aguardar para saber se o fato vai se concretizar:

— Vamos aguardar os desdobramentos, naturalmente que toda iniciativa do presidente da República deve ser considerada, mas é melhor aguardar que os acontecimentos surjam para que haja um posicionamento formal do Senado.

Sobre uma possível interferência de Bolsonaro em outro poder, Pacheco respondeu que "a livre manifestação de pensamento e o direito de petição pertence a todos os brasileiros". Mas ressaltou que é importante as instituições responsáveis exercerem o poder de decisão.

— O Senado tem maturidade, é uma Casa de homens e mulheres experimentados, experientes, que não se intimidam e que naturalmente haverá de decidir da melhor forma possível, no momento certo, todas as questões, por mais polêmicas que sejam apresentadas ao Senado. O Senado vai ter o dever de se manifestar com a altivez que lhe é peculiar — declarou.

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O presidente do Senado defendeu, ainda, que "o diálogo precisa estar presente sempre entre os chefes de poderes e as instituições, para que possamos ter "um minuto de paz no Brasil".

Amanhã, Pacheco tem uma reunião com o presidente do Supremo, Luiz Fux, para debater a situação. Segundo o presidente do Senado, eles vão discutir "o papel de cada poder na crise que se apresenta".

— O STF tem parcela de contribuição, o Congresso também, o presidente da República igualmente. O importante é nós apararmos as arestas e enfim pacificar a sociedade brasileira. E isso passa por um exemplo de pacificação dos homens públicos que comandam o país.