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    Juros mais altos podem agravar endividamento no Brasil, dizem economistas

    Segundo o Banco Central, 58.5% da renda das famílias está comprometida com alguma dívida; autoridade subiu taxa básica a 5,25% ao ano nesta quarta

    Peso / dívidas
    Peso / dívidas Foto: erhui1979 / Getty Images

    Colaboração para o CNN Brasil Business, em São Paulo*

     

     

    A elevação da taxa básica de juros (Selic), pela quarta vez consecutiva este ano, pode agravar o endividamento dos brasileiros, segundo economistas. De acordo com os últimos dados do Banco Central (BC), 58.5% da renda das famílias está comprometida com alguma dívida. Ou seja, a cada R$ 100 que o brasileiro recebe, R$ 58,50 vai para o pagamento de algum débito em aberto. É o maior porcentual desde que o BC passou a acompanhar o dado, em 2005.

    “A alta dos juros pode agravar esse quadro, especialmente as taxas que respondem mais forte à Selic. Nesse caso, as do crédito rotativo (como os do cartão de crédito), que as pessoas tomam no impulso, sem pensar e acabam sendo mais perigosos”, afirma Marcela Kawauti, economista da Prada Assessoria.

     

    Ela diz que o risco do endividamento virar inadimplência é grande, pois muitas famílias ainda dependem de incentivos do governo concedidos ao longo da pandemia, como o auxílio emergencial. “A gente não vê a economia crescendo sem esse tipo de injeção. O endividamento pode virar inadimplência e frear o consumo”, diz Marcela.

    A taxa básica da economia teve alta de 1 ponto nesta quarta-feira, indo para 5,25% ao ano, no maior aperto monetário dos últimos 18 anos, e deve subir mais 1 ponto em setembro segundo a autoridade monetária.   

    O avanço na Selic é parte do movimento de retirada de estímulos da atividade econômica pelo BC para fazer frente à escalada da inflação. No ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) levou a taxa à mínima histórica de 2% ao ano, com o objetivo de estimular a recuperação da economia após a pandemia de Covid-19.

    Taxas de empréstimo mais altas

    Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que a partir de agora vai ser importante acompanhar o impacto da alta dos juros no spread bancário, que é a diferença entre os juros que o banco cobra por um empréstimo e paga por um investimento. Com a Selic mais alta, o rendimento de poupança e CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) também sobe. A dúvida é se o custo dos empréstimos também vai seguir essa tendência.

    “Num momento em que a recuperação do mercado de trabalho ainda está lenta e com a renda real das pessoas em queda por causa da inflação, o custo do crédito mais elevado pode ser impeditivo para uma retomada neste momento. Tira um pouco de estímulo para o consumo, especialmente em 2022”, afirma o economista.

    Crédito sente impacto primeiro

    O Banco Central subiu a taxa de juros com o objetivo de conter o avanço do IPCA, índice que mede o comportamento de preços ao consumidor, que acumula alta de 8,35% em 12 meses. O mercado acredita que a inflação em 2021 fique em 6,79%, acima da meta de 3,75% definida pela instituição.

    Para quem está com dívidas, a queda de preços é obviamente positiva, mas o efeito da Selic mais alta na inflação só deve ser sentido a partir do ano que vem. O que chega primeiro para o brasileiro é o impacto do crédito mais caro.

    “A alta da Selic demora para ter um impacto completo. O BC aumenta a taxa hoje mirando a inflação de 2022. Já o efeito dessa elevação nos juros dos empréstimos, por exemplo, é mais rápido”, afirma Marcela Kawauti.  

    Brasileiro deve pagar dívidas mais caras primeiro

    A planejadora financeira Deise Matos diz que o brasileiro deve priorizar dívidas com maior taxa de juros e maior valor de parcela. Se for necessário tomar mais um empréstimo, é importante procurar por opções mais baratas, que cobram juros menores.

    “Um exemplo é o crédito consignado, que está disponível para funcionários públicos, aposentados e trabalhadores da iniciativa privada que possuam convênio com a instituição financeira. O débito acontece na folha de pagamento e por isso as taxas são menores”, explica Deise.

    Segundo ela, o crédito pessoal não consignado também pode valer a pena. “Possui uma taxa mais elevada, porém é mais aceitável quando comparado ao limite do cheque especial, cujos juros são de mais de 125% ao ano”, diz a planejadora.  

    *Publicado por Ligia Tuon

     

     

        

     

     

     

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