Brasil e Política

Por Alessandra Saraiva, Valor PRO — Rio


A parcela de brasileiros endividados na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), anunciada há pouco pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), bateu recorde em julho. Segundo a entidade, que veiculou comunicado há pouco pela pesquisa, a fatia dos que se declaram endividados, na análise, ficou em 71,4% no mês passado, o maior porcentual da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2010; sendo superior a de junho de 2021 (69,7%) e de julho de 2020 (67,4%). Para a CNC, o quadro reflete avanço inflacionário no período, que restringe orçamento e estimula novas tomadas de empréstimo, para compor renda.

Na pesquisa, a inadimplência também mostrou trajetória de alta, de junho a julho. A parcela de endividados que declaram atraso ao cumprir pagamentos subiu de 25,1% para 25,6% no período - embora ainda fique abaixo de julho de 2020 (26,3%). Além disso, a parcela de inadimplentes que informaram não ter condição de quitar débitos passou de 10,8% para 10,9%, no mesmo período. Em julho de 2020, essa fatia era de 12%.

Em nota, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, citou a inflação elevada como fator de influência no resultado da Peic de julho. Segundo ele, a alta recente de preços tem diminuído o poder de compra dos brasileiros e deteriorado os orçamentos domésticos. “A renda dos consumidores também está afetada pelas fragilidades do mercado de trabalho formal e informal, com o auxílio emergencial deste ano sendo pago com um valor menor”, afirmou Tadros, no comunicado.

Na pesquisa, chama atenção o impacto de endividamento entre os mais pobres. De acordo com a CNC, na Peic, o percentual entre as famílias que recebem até dez salários mínimos subiu de 70,7%, em junho, para 72,6%, em julho – também recorde da série histórica. No mesmo mês do ano passado, havia ficado em 69%.

A proporção de endividados no cartão de crédito também renovou a máxima histórica, chegando a 82,7% do total de famílias com dívidas, informou a CNC. A entidade lembra que este meio de pagamento é mais difundido por facilidades de uso, e também o que oferece maior custo ao usuário, sobretudo quando se torna crédito rotativo (que é empréstimo pessoal de curtíssimo prazo, em que parte do saldo devedor é rolada para o mês seguinte ao do vencimento). "O aumento dos juros em curso no País encarece as dívidas, principalmente na modalidade mais buscada pelos endividados hoje, que é o cartão de crédito”, afirmou a economista da CNC Izis Ferreira, no comunicado sobre a pesquisa.

A especialista ressaltou ainda, no informe, embora o crédito possa funcionar como ferramenta de recomposição da renda e potencializar o consumo, com mais de 71% das famílias endividadas acende-se um alerta para o uso do crédito e o potencial de crescimento da inadimplência.

Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

dívida boleto — Foto: Getty Images
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