WASHINGTON — Mais de R$ 3 bilhões, cerca de US$ 600 milhões de dólares, foram roubados em Ethereum e outras criptomoedas do protocolo baseado em blockchain Poly Network, nesta terça-feira. Esse é um dos maiores ataques hackers de criptografia já vistos, conforme informou a Forbes.
"Lamentamos anunciar que a #PolyNetwork foi atacada", tuitou a empresa na manhã de terça-feira, revelando que os hackers transferiram centenas de milhões de dólares para carteiras de criptomoedas separadas.
O Poly Network é um protocolo de interoperabilidade criado para facilitar a troca de tokens entre diferente blockchains. O projeto surgiu através de uma aliança formada entre as equipes de várias plataformas, como Neo, Ontology e Switcheo.
Os desenvolvedores ainda não divulgaram detalhes sobre como aconteceu o ataque.
A criação de novos bitcoins é obtida por meio de equações altamente complicadas resolvidas por supercomputadores em milésimos de segundo, ligados por uma rede paralela na internet
Competição
De dez em dez minutos, novas equações matemáticas são propostas aos supercomputadores, que tentam decodificá-las. O primeiro que as resolver recebe um lote de 6,25 bitcoins
Organização
A resposta das equações (conhecida como hash, ou prova de trabalho) serve para organizar as "entradas" do livro de contabilidade (blockchain), ordenando os blocos de transações de dinheiro digital e conferindo a eles uma característica única, que impede códigos maliciosos (malwares) de fraudarem a operação
Distribuição
Com todos esses cuidados, o minerador garante a continuidade do processo de geração de bitcoins, e inclusive recebe taxas pagas pelos usuários ao validar uma mineração.
24 horas por dia
A mineração de criptomoedas acontece non-stop, 24 horas por dia. Por isso, consome altíssimo nível de energia, justamente pelo uso de supercomputadores, que exigem alimentação constante.
Segundo dados da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, anualmente, o gasto com a mineração virtual já está em 113 TeraWatts/hora (TW/h). Neste ano, os mineradores de bitcoin devem gastar cerca de 130 TW/h de energia elétrica ou 0,6% do consumo de energia elétrica no planeta
Esforço coletivo
O gasto de energia só aumenta porque, para correrem atrás de novos lotes de bitcoin, os mineradores se organizam em grupos, incrementando o poder computacional da busca, e dividem o resultado quando um deles obtém o lote da mineração primeiro.
China, o centro
De acordo com Cambridge, hoje, a maioria dos mineradores de bitcoin está na China (65%), mesmo com as recentes restrições à prática anunciadas pelo governo de Pequim. E só 39% dos mineradores no mundo usam recursos de energia sustentável e renovável para o processo, de modo que isso vai contra os preceitos de uma economia verde
Muito dinheiro
Só no mês de abril, a mineração de bitcoins faturou US$ 1,7 bilhão, ou US$ 56,7 milhões por dia, segundo o site da Bolsa eletrônica Nasdaq
Como destaca a Forbes, endereços de carteiras de criptomoedas divulgados pela Poly Network mostram transferências, nesta terça-feira, de 2.858 tokens de éter no valor de cerca de US $ 267 milhões, 6.610 moedas binance no valor de mais de US $ 252 milhões e cerca de US $ 85 milhões em tokens de polígono.
O valor combinado dos tokens roubados totaliza cerca de US $ 604 milhões, tornando-o ainda maior do que o ataque de US$ 460 milhões na troca de criptomoedas MT. Gox, que levou à falência da empresa e aumentou a regulamentação nesse novo mercado de ativos.
“Estamos convocando mineradoras de blockchains afetados e corretoras cripto para inserir os tokens dos endereços acima na lista de má reputação", complementou a empresa na rede social.
A equipe do protocolo pediu que as corretoras bloqueassem qualquer transação relacionada aos endereços vinculados ao ataque. O pedido abrangem os mineradores das criptomoedas roubadas, como USDT, DAI, UNI, SHIB, FEI, wBTC, wETH, RenBTC
O CEO da bolsa de criptomoedas OKEx, Jay Hao, respondeu ao ataque, dizendo que a empresa está "observando o fluxo de moedas e fará [seu] melhor para administrar a situação.", destacou a Forbes.
A Poly Network não respondeu imediatamente ao pedido de comentário da Forbes.