Por G1


Afeganistão: mesmo com ameaça terrorista, multidão permanece no aeroporto de Cabul

Afeganistão: mesmo com ameaça terrorista, multidão permanece no aeroporto de Cabul

Estados Unidos, Reino Unido e Austrália divulgaram alertas simultâneos nesta quinta-feira (26) e pediram a seus cidadãos que abandonem imediatamente a área do aeroporto de Cabul, capital do Afeganistão, devido a uma ameaça terrorista contra o local.

"As informações obtidas ao longo da semana são cada vez mais sérias e fazem referência a uma ameaça iminente e grave", afirmou o secretário de Estado britânico das Forças Armadas, James Heappey. "É uma ameaça muito séria, muito iminente".

Entre as ameaças estão um possível ataque do Estado Islâmico (veja mais abaixo).

O aeroporto internacional Hamid Karzai é a única porta de saída do país para milhares de estrangeiros e afegãos que tentam, desesperados, embarcar nos voos de retirada organizados pelos países ocidentais.

Centenas de pessoas se reúnem, algumas segurando documentos, perto de um posto de controle em volta do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, capital do Afeganistão, em 26 de agosto de 2021 — Foto: Wali Sabawoon/AP

Quase 90 mil pessoas já foram retiradas do Afeganistão desde que o Talibã retomou o poder, em 15 de agosto, mas uma multidão ainda se aglomera dentro e ao redor do local, inclusive em valas (veja no vídeo abaixo).

Segundo o jornal "The New York Times", ao menos 250 mil afegãos que trabalharam para os EUA ainda não foram evacuados do país (e o atual ritmo de retirada não é suficiente para retirar todo mundo até o dia 31, prazo final para a saída).

A estimativa é baseada em relatórios sobre o emprego de afegãos que são publicados anualmente pelo Departamento de Defesa dos EUA analisados pela Associação dos Aliados em Tempo de Guerra (grupo que defende os afegãos que trabalharam para os EUA) e pesquisadores da American University.

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'Não siga para o aeroporto'

"Não siga para o aeroporto internacional Hamid Karzai de Cabul", alertou o ministério das Relações Exteriores britânico em seu site. "Há uma ameaça elevada e permanente de ataque terrorista".

O ministro da Defesa da Austrália, Andrew Hastie, declarou que o "risco de um ataque suicida com explosivos é muito elevado". Já o Departamento de Estado americano citou "ameaças de segurança", mas não deu quaisquer detalhas.

O desespero aumenta com a redução dos voos disponíveis para a saída do país e a aproximação do prazo de 31 de agosto, estabelecido pelo presidente dos EUA, Joe Biden, para a a retirada total do Afeganistão.

Soldado da Real Força Aérea Australiana auxilia pessoas que estão sendo evacuadas em seus assentos a bordo da aeronave C-17A Globemaster III antes de deixar o Aeroporto Internacional Hamid Karzai em Cabul, capital do Afeganistão, em 22 de agosto de 2021 — Foto: Sargento Glen McCarthy/Departamento de Defesa da Austrália via Reuters

Ameaça do Estado Islâmico

Vários países solicitaram aos EUA para adiar a saída definitiva do Afeganistão, para permitir a saída de todos os estrangeiros e afegãos sob sua proteção, mas Biden negou o pedido. O Talibã já disse reiteradas vezes que não aceitará a prorrogação do pazo.

Entre os motivos, Biden apontou a "aguda" ameaça terrorista do braço regional do grupo terrorista Estado Islâmico, responsável por alguns dos ataques mais violentos no Afeganistão e no Paquistão nos últimos anos.

O grupo terrorista massacrou civis nos dois países em mesquitas, santuários, praças e até hospitais, além de ter executado ataques contra muçulmanos de alas que considera hereges, incluindo os xiitas.

"A cada dia, as operações suscitam um risco suplementar para nossas tropas", disse o presidente americano, citando a probabilidade de um atentado do Estado Islâmico em Cabul. "O inimigo número 1 dos talibãs visa o aeroporto para atacar as forças americanas e aliadas, bem como civis inocentes".

Embora o Estado Islâmico e o Talibã sejam sunitas radicais, os dois grupos extremistas são rivais.

O Estado Islâmico criticou o acordo de paz entre EUA e Talibã assinado em 2020, que estabeleceu as diretrizes para a retirada das tropas estrangeiras, e acusou os talibãs de abandonar a causa jihadista.

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