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    Conselho nacional de comandantes das PMs fala em ‘preocupação’ com 7 de setembro

    Coronel Euller de Assis afirmou que ‘autoridade deve pregar a união’ e que PMs são ‘pacificadores sociais’

    Leandro Resende

    Presidente do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares, que representa todos os 27 comandantes das PMs do Brasil, o coronel Euller de Assis afirmou à CNN que “existe preocupação” com a adesão de PMs aos protestos a favor do governo Jair Bolsonaro, convocados para o dia 7 de setembro.

    Comandante há mais de 10 anos da Polícia Militar da Paraíba, ele afirmou que o tema mobiliza a atenção dos chefes das PMs nos estados e no Distrito Federal.

    “Os comandantes estão comprometidos com a Constituição, as polícias têm hierarquia e a Carta Magna determina que somos subordinados aos governadores. Transgressões poderão ocorrer dentro de cada estado”, disse o policial.

    Quem tem autoridade deve pregar união nesse momento

    Coronel Euller de Assis, presidente do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares

    ‘Dia de paz’

    Nas conversas entre os comandantes das polícias em aplicativos de mensagens e reuniões virtuais, a diretriz para todos é atuar no 7 de setembro para “separar as torcidas”. Isso, segundo o coronel Euller, é encontrar uma forma de garantir que apoiadores e críticos do presidente Bolsonaro, caso se manifestem no feriado, o façam de forma “pacífica e ordeira”.

    “Os PMs da ativa sabem de suas limitações de manifestação. O foco de todos os comandantes é atuar para garantir que seja um dia de paz”, reforçou.

    Na segunda-feira (23), governadores manifestaram preocupação com o risco de policiais militares que apoiam o presidente Jair Bolsonaro aderirem a protestos no feriado da Independência e se insubordinarem contra a autoridade dos chefes dos Executivos estaduais.

    Em ata do encontro do Fórum de Governadores, os gestores dos estados registraram a necessidade de “reafirmar o compromisso dos governadores no sentido de zelar para que a missão das policiais estaduais ocorra nos limites constitucionais e da lei, como se tem verificado na história do país desde a promulgação da Constituição de 1988”.

    Respeito à hierarquia

    Na avaliação do coronel Euller, os PMs da ativa têm “individualidades e preferências políticas”, mas devem respeito às hierarquias internas.

    “Somos quase 500 mil policiais da ativa. Mas o comando tem noção de que temos uma democracia jovem e que precisa ser preservada”, afirmou ele, afastando a possibilidade de as corporações embarcarem em qualquer tipo de ruptura institucional — tema que ganhou força nas últimas semanas face a crise entre o Executivo e Judiciário e diante da escalada da retórica do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

    “Há quem fale em ruptura, intervenção, golpe. Mas isso é um trauma muito grande para o Brasil. Pedimos às autoridades que foquem na melhoria do povo. As PMs são pacificadores sociais”, avaliou.

    Com quase 40 anos de serviço policial militar, Euller enxerga, a partir de 2012, uma progressiva politização das PMs em todo o Brasil. Segundo ele, a adesão de parte significativa da categoria à candidatura de Bolsonaro, em 2018, se deve ao que chama de um “esquecimento de décadas” por parte do Estado brasileiro.

    “O abandono histórico da categoria montou muitos palanques, para o Legislativo e Executivo”, ponderou.