Por Guilherme Mazui e Roniara Castilhos, G1 e TV Globo — Brasília


O senador Romero Jucá (MDB-RR) anunciou nesta segunda-feira (27) que deixou a liderança do governo no Senado por não concordar com a forma como o Palácio do Planalto tem conduzido a crise dos imigrantes venezuelanos em Roraima.

Ele comunicou a decisão pessoalmente ao presidente Michel Temer, em reunião no Planalto, na qual entregou um carta, divulgada em seguida para a imprensa.

O G1 procurou o Palácio do Planalto para comentar a decisão do senador. A Presidência não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.

Jucá, candidato nas eleições de outubro a um novo mandato de senador por Roraima, defende que o governo federal feche a fronteira do estado para venezuelanos. Temer afirmou em mais de uma oportunidade que não cogita fechar a fronteira.

Roraima é a principal porta de entrada dos imigrantes venezuelanos no Brasil. O estado tem enfrentado dificuldades para lidar com o volume de estrangeiros, que deixam o país vizinho para fugir da crise econômica e social.

"Acabo de comunicar ao presidente Michel Temer que deixo a liderança do governo por discordar da forma como o governo federal está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima.", afirmou o senador em sua conta no Twitter. Depois ele deu uma entrevista no Palácio do Planalto.

Jucá anuncia ter deixado liderança do governo

Jucá anuncia ter deixado liderança do governo

Na carta enviada para Temer, Jucá afirmou que é obrigação do governo zelar pelos interesses dos estados da federação.

"Somos uma República federativa, a obrigação precípua do poder central é cuidar dos entes federados, do bem-estar, e da segurança da população, não se apegando a interesses internacionais em detrimento da realidade, do bom senso e da responsabilidade com o nosso povo", disse o senador.

Jucá é um dos principais aliados de Temer na política. Ele foi ministro do Planejamento no início do mandato do presidente, logo após o afastamento de Dilma Rousseff, em 2016. No entanto, deixou o cargo de ministro em seguida, ao aparecer em áudios do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado sugerindo um "pacto" para barrar a Lava Jato.

Jucá seguiu dando apoio à gestão Temer como líder no Senado. Na carta enviada a Temer, ele disse que sente "orgulho por tudo que conseguimos realizar nesses dois anos de governo".

No entanto, segundo ele, o posto de líder do governo não combina com as cobranças que ele faz com relação à crise dos imigrantes em Roraima.

"Entre o posicionamento em defesa de Roraima, e as ações do governo federal, não titubeio em ficar ao lado do nosso povo e do estado que represento", disse Jucá.

O senador ressaltou que a decisão não é um rompimento político com Temer. Jucá preside o MDB, mesmo partido de Temer.

Propostas entregues ao governo

Na entrevista após reunião com Temer, o senador afirmou que sugeriu ao presidente, há uma semana, o fechamento provisório da fronteira para venezuelanos, a fixação de cotas para imigração e a criação de um corredor humanitário para levar os estrangeiros a outros locais.

Porém, de acordo com Jucá, o governo disse que não poderia atender a proposta.

"O governo teve uma semana para estudar a proposta, o governo entendeu que não pode fazer o que está se propondo", afirmou o senador.

No caso do pedido para fechar a fronteira, Jucá afirmou que o governo considera a possibilidade "inegociável".

"O governo disse que é inegociável fechar a fronteira sob qualquer ponto de vista, e eu entendo que sem o fechamento da fronteira para organizar o trabalho, o assunto só vai agudizar", completou o senador.

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