RIO - Diante da postura do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), de paralisar o andamento da indicação do ex-ministro da Justiça André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF), líderes evangélicos se mobilizam para reverter o quadro no Senado. Maior interlocutor do presidente Jair Bolsonaro no segmento, o pastor Silas Malafaia pretende desembarcar na próxima quarta-feira em Brasília para conversar com Alcolumbre sobre o tema.
Nos últimos três meses, Malafaia tornou-se interlocutor frequente de Mendonça, que encontrou pessoalmente dezenas de senadores em campanha para a vaga aberta após a aposentadoria de Marco Aurélio Mello. Desde que Bolsonaro prometeu que indicaria alguém “terrivelmente evangélico” para a posição, Malafaia é a liderança religiosa que mais atua para emplacar o ex-ministro na Corte.
- Estarei em Brasília de quarta a sexta para falar com o senador Davi Alcolumbre. Sempre nos demos bem, ele é de um estado, o Amapá, com cerca de 40% da população composta por evangélicos - diz o pastor.
Alcolumbre já havia sido convencido a pautar a indicação de Mendonça na CCJ após um jantar há duas semanas com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A reviravolta ocorreu na semana passada, quando Bolsonaro formalizou um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Nos últimos dias, operações autorizadas por Moraes tiveram como alvos aliados do presidente como o ex-deputado federal, Roberto Jefferson (PTB), o deputado federal Otoni de Paula (PSC) e o cantor Sérgio Reis. Para Alcolumbre, conforme O GLOBO revelou sexta-feira, a iniciativa de Bolsonaro foi uma “grave afronta” e tirou o clima de pautar uma indicação ao STF.