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Imunizados têm 50% menos chance de desenvolverem Covid longa do que aqueles que não se vacinaram

Novo estudo publicado na Lancet analisou 1,2 milhão de pessoas e também traz mais evidências da proteção das vacinas de duas doses da Pfizer, Moderna e AstraZeneca contra quadros graves e sintomáticos
Clínica de vacinação contra a Covid-19 em uma catedral de Salisbury, na Inglaterra Foto: ANDREW TESTA / NYT
Clínica de vacinação contra a Covid-19 em uma catedral de Salisbury, na Inglaterra Foto: ANDREW TESTA / NYT

Pessoas que experimentam infecções do coronavírus após serem totalmente vacinadas têm cerca de 50% menos chance de ter Covid-19 longa do que as pessoas não vacinadas que contraem o vírus, disseram os pesquisadores em um grande estudo com adultos britânicos, publicado nesta quarta-feira na Lancet.

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A Covid longa se caracteriza por sintomas prolongados da doença durante meses após a infecção.

A nova pesquisa também fornece mais evidências de que as vacinas de duas doses da Pfizer-BioNTech, Moderna e AstraZeneca oferecem uma proteção poderosa contra doenças graves e sintomáticas.

"Trata-se do primeiro estudo que realmente mostra que a Covid longa é reduzida com a vacinação dupla e de forma significativa”, disse Claire Steves, geriatra do King’s College de Londres e principal autora do estudo.

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Embora muitas pessoas com Covid se recuperem em poucas semanas, algumas apresentam sintomas a longo prazo que podem ser debilitantes. Essa profusão de efeitos colaterais prolongados que se tornaram conhecidos como Covid longa pode incluir fadiga, falta de ar, confusão mental, palpitações cardíacas e outros sintomas. Mas muito sobre essa condição ainda permanece sem esclarecimentos.

“Ainda não temos um tratamento para a Covid longa”, disse Steves. Vacinar-se, ela conclui, “é uma estratégia de prevenção em que todos podem se engajar”.

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As descobertas se somam a um número crescente de pesquisas sobre as infecções entre as pessoas vacinadas. Os Centros americanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) confirmaram que a variante Delta, altamente contagiosa, está causando mais esse tipo de infecção do que outras versões do vírus, embora a doença em pessoas totalmente vacinadas ainda tenda a ser mais leve.

Estímulo à vacinação dos jovens

As novas descobertas são baseadas em dados de mais de 1,2 milhão de adultos do Covid Symptom Study, estudo no qual os voluntários usam um aplicativo móvel para registrar seus sintomas, resultados de testes e registros de vacinação. Os participantes incluem aqueles que receberam pelo menos uma dose das vacinas Pfizer, Moderna ou AstraZeneca entre 8 de dezembro e 4 de julho, bem como um grupo de controle de pessoas não vacinadas.

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De quase 1 milhão de pessoas que foram totalmente vacinadas, 0,2% relataram uma infecção repentina, relatam os pesquisadores. Aqueles que contraíram infecções do tipo "breakthrough" (invasivas) tinham aproximadamente o dobro de probabilidade de serem assintomáticos do que os que que foram infectados e não vacinados. A chance de ser hospitalizado foi 73% menor no grupo da pesquisa do que no grupo infectado e não vacinado.

A probabilidade de apresentar sintomas de longo prazo — com duração de pelo menos quatro semanas após a infecção — também foi 49% menor no grupo da pesquisa.

“É claro que as vacinas também reduzem enormemente o risco de infecção em primeiro lugar”, disse Steves. Esse risco reduzido significa que a vacinação deve reduzir ainda mais as chances da Covid longa, observou ela.

O estudo tem limitações, reconhecem os pesquisadores, a mais notável delas é que os dados são todos auto-relatados. A Covid longa também é difícil de ser estudada, com sintomas abrangentes que podem variar enormemente em gravidade.

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Mas Steves disse que espera que as descobertas possam encorajar mais jovens, cujas taxas de vacinação têm ficado para trás, a tomar as vacinas. Os adultos jovens têm menos probabilidade de adoecer gravemente com o vírus do que os adultos mais velhos, mas ainda correm o risco de desenvolver uma Covid longa, observou ela.

“Ficar doente por seis meses tem um grande impacto na vida das pessoas”, disse ela. “Portanto, se pudermos mostrar que o risco pessoal de Covid longa é reduzido ao se vacinarem, isso pode ser algo que pode ajudá-los a tomar a decisão de ir em frente e tomar a vacina”.