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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Varejo recua de Black Friday verde-amarela em semana de atos bolsonaristas

Evento de promoções Semana Brasil criado pelo governo em 2019 não decola em 2021

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São Paulo

A Semana Brasil, campanha lançada pelo governo em 2019 para estimular o comércio a fazer promoções nos meses de setembro na tentativa de aquecer as vendas, parece ter naufragado neste ano. Com o apelido de Black Friday verde-amarela, a ideia era criar uma nova data no calendário anual do varejo, mas em 2020 a pandemia tirou o humor do consumo e, neste ano, a data acontece junto com os protestos bolsonaristas que aprofundam o clima de polarização.

Em 2019, quase 3.000 empresas e associações se cadastraram para participar da campanha no site criado pelo governo para a Semana Brasil, segundo análise da Folha feita às vésperas daquela edição. Neste domingo (3), o mesmo site apresentava pouco menos de 200 empresas participantes para a edição de 2021, que acontece entre os dias 3 e 13 de setembro, segundo levantamento feito pelo Painel S.A..

Procurados pelo Painel S.A., a assessoria de imprensa da Presidência e do Ministério da Economia não comentaram.

O volume de buscas no Google por "Semana do Brasil" entre 29 de agosto e 3 de setembro foi apenas um quarto do registrado no mesmo período de 2020, segundo dados parciais informados pela companhia na sexta-feira (3).

O evento já havia perdido força no ano passado, quando as buscas foram 60% menores do que em 2019, durante o período de concentração de ofertas nos dois anos.

Em um passeio pelos shoppings de São Paulo, o consumidor encontra poucas menções ao evento nas etiquetas de promoções das lojas. Quando elas aparecem, são geralmente discretas e raramente nas cores verde e amarelo que costumam ser associadas aos seguidores de Bolsonaro.

Marcelo Silva, presidente do IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), nega que parte das empresas tenham desistido de associar suas marcas ao verde-amarelo da Semana Brasil porque receiam ser confundidas como apoiadoras dos eventos bolsonaristas marcados para terça (7). Entre seus associados, o IDV tem redes como Arezzo, Hering, Magazine Luiza, Carrefour, Riachuelo, Centauro e Habib`s.

Silva diz que esse momento de polarização atrapalha muito a economia e que o IDV é apartidário. “Para nós, o governo pode ser de direita, esquerda, de centro. Nós cuidamos do varejo”, diz.

Segundo ele, na mesma data no ano passado, a entidade percebeu crescimento 10% nas vendas físicas e 25% no ecommerce, mas para este ano ainda não há previsão.

Fábio Pina, economista da FecomercioSP, pondera que a Semana Brasil só teve uma edição fora da pandemia, que afetou negativamente os resultados e dificultou sua consolidação no varejo.

Mauro Francis, presidente da Ablos (associação de lojistas de shoppings), diz que a adesão à Semana Brasil está menor sim, mas optou por apoiar o evento porque considera que todo incentivo ao comércio pode ajudar, principalmente no momento de relaxamento das restrições da pandemia, que encontram uma demanda reprimida.

Ele ressalva que não tem motivação política e vê a semana como tentativa de criar uma nova data no varejo, mais distante do Natal do que a Black Friday.

Francis avalia que o cenário do evento neste ano pode mudar a partir de quarta (8), quando a incógnita do que vai acontecer nas manifestações do dia 7 tiver passado.

Grandes varejistas como Magazine Luiza e Carrefour não vão participar do evento neste ano.

Com Mariana Grazini, Andressa Motter e Filipe Oliveira

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