O documentário que o Led Zeppelin esperava

Apresentado em Veneza, Becoming Led Zeppelin se concentra na evolução musical do grupo 

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Por Nicole Winfield
Atualização:

O guitarrista Jimmy Page diz que recusou muitas propostas “bastante miseráveis” ao longo dos anos para fazer um documentário sobre o Led Zeppelin. Mas ele finalmente baixou a guarda quando recebeu uma proposta profundamente pesquisada e focada quase exclusivamente na música, narrando o nascimento da banda em 1968 e seu surgimento meteórico. 

Em Veneza, Jimmy Page participa da premiere de 'Becoming Led Zeppelin', documentário sobre a banda. Foto: Ettore Ferrari/EFE/EPA

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O resultado é Becoming Led Zeppelin, um dos documentários mais esperados do Festival de Cinema de Veneza, que estreou no sábado com Page no tapete vermelho. 

Os produtores Bernard MacMahon e Allison McGourty - fãs confessos do Zeppelin - obtiveram imagens nunca antes vistas de alguns dos primeiros shows da banda nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, bem como uma surpreendente entrevista em áudio que o baterista John Bonham deu a um jornalista australiano antes de morrer em 1980. 

A entrevista, a filmagem do show e outro material de arquivo são combinados em entrevistas contemporâneas com os três membros sobreviventes da banda - Page, Robert Plant e John Paul Jones - para criar uma montagem que mapeia os frenéticos primeiros dois anos de existência da banda e suas primeiras influências musicais. 

MacMahon que, junto de McGourty, lançou a série de documentários American Epic, da PBS, contou ter levado um ano para localizar a gravação de Bonham, depois de ouvir uma versão pirata da entrevista em disco de vinil. 

Pela qualidade do som, ele sabia que tinha sido convertido em uma fita de um quarto de polegada. Ele então “procurou cada jornalista australiano que conhecíamos daquela época, dizendo: você reconhece essa voz? Porque, na gravação, o jornalista não se identifica. Até que localizei alguém que disse: 'Nós sabemos quem era, mas ele morreu'". MacMahon então recorreu a contatos anteriores que tinha com um arquivo de som em Camberra, na Austrália, onde averiguou “30 mil bobinas não marcadas” até encontrar aquela com a entrevista. 

Ele fez o mesmo para obter gravações completas dos concertos das canções executadas, às vezes encontrando rolos de canções não cortadas que nunca haviam sido vistas antes. Sobre tal esforço, MacMahon justifica dizendo que queria que o filme fosse essencialmente um musical intercalado por entrevistas. 

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Page disse que aprecia particularmente o foco na música - as canções são tocadas de forma completa, não apenas fragmentos. E permite que os membros da banda contem sua própria história com suas próprias palavras. Não há outras entrevistas no filme. 

Page afirmou ainda ter concordado com a proposta dos produtores depois de receber um storyboard encadernado em couro, o que demonstrava a pesquisa e a intenção do documentário

“Quando nos conhecemos, provavelmente estávamos um pouco nervosos um com o outro. Mas o condutor foi o storyboard”, disse Page. “E descobri que eles realmente entendiam do que se tratava.” 

Page lembrou ter recebido muitas propostas ao longo dos anos para contar a história de Led Zeppelin, mas "eles eram muito infelizes porque se concentravam em tudo, menos na música". 

"Já este aqui é todo sobre a música, e o que a fez funcionar", disse ele. "É exemplo de algo totalmente diferente".

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