Política

Investigado, Bolsonaro afirma que Moraes aguarda momento para 'aplicar uma sanção restritiva'

Presidente disse que declaração sobre ser 'preso' ou morto' ocorreu devido a 'pressão muito grande'
O presidente Jair Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/26-08-2021
O presidente Jair Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/26-08-2021

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), "aguarda o momento" para "aplicar uma sanção restritiva" contra ele. Bolsonaro é investigado no inquérito das fake news, relatado por Moraes.

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Bolsonaro deu a declaração em entrevista à rádio Fonte FM, de Goiás, ao ser questionado sobre sua fala de que lhe resta "estar preso, ser morto ou a vitória" . O presidente disse que há uma "pressão muito grande":

— Eu quis dizer que está uma pressão muito grande. Você pode ver, quando a gente fala em voto eletrônico, voto impresso, passou a ser crime. Quando você fala em tratamento precoce, passou a ser crime.

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De acordo com Bolsonaro, Moraes pode aplicar uma "sanção restritiva" quando ele deixar o governo:

— E o ministro Alexandre de Moraes me colocou no inquérito das fake news, o inquérito do fim do mundo. Inquérito sem participação do Ministério Público. O que eles querem com isso aí? Aguardar o momento para me aplicar uma sanção restritiva, quem sabe quando eu deixar o governo lá na frente.

Bolsonaro foi incluído no inquérito das fake news em função de ataques aos ministros da Corte e da disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas. A decisão foi tomada por Moraes, que atendeu a um pedido feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente disse que o ministro "não pode ficar ameaçando os outros" e fez referência ao fato do inquérito das fake news ter sido aberto sem um pedido do Ministério Público. A decisão, tomada pelo então presidente da Corte Dias Toffoli, foi referendada posteriormente pelo plenário.

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— Isso não é um trabalho que se faça. Você não pode ficar ameaçando os outros. Não pode um ministro apenas, ele ser o dono do inquérito. Ele investiga, ele julga e ele condena. Isso não pode acontecer. Se quer fazer isso comigo, imagina o que estão fazendo com outras pessoas.

CPI 'desacreditada'

Na entrevista, Bolsonaro criticou o trabalho da CPI da Covid. Segundo ele, a comissão foi criada "para desgastar o governo", mas estaria agora "completamente desacreditada".

— Tentaram de toda a maneira desestabilizar o governo, não conseguiram. Uma CPI completamente desacreditada. Eu espero que ela venha acabar nos próximos dias.

O presidente criticou diversas linhas de investigação da CPI, como o atraso na compra de vacinas, a propaganda de remédios ineficazes e possíveis irregularidades na compra da Covaxin.